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Um pouco da minha maluquice, com um pouco disso aĆ­ mesmo.

segunda-feira, 16 de julho de 2018


Vi muitas pessoas comentando que este era um livro de horror, que o protagonista era m anti-heróis e etc.
Bem, eu não acho que seja horror da mesma forma que não acho que Cipriano seja um anti-herói. Se trata de uma fantasia urbana e um suspense, com um toque excessivo de gore (que é lindo) e Cipriano é um herói, boca suja e de preferencias fora do convencional.

Cipriano Ʃ um Padre (sqn) que trabalha para uma ordem secreta do vaticano, onde Ʃ responsƔvel por lidar com o sobrenatural. Quando uma criatura comeƧa a torturar e matar pessoas corruptas famosas, em lives no Youtube, se auto intitulando o novo Messias, Ʃ hora de entrar em cena.

Sinto que mais uma vez minha expectativa me traiu. Eu esperava algo bem diferente. A quantidade de elogios a obra é enorme. Não achei ela ruim, o livro conta com algumas cenas sensacionais e é preciso pontuar que hoje em dia, encontrar alguém com coragem e culhão para descrever tal cena e mexer com tais arquétipos de nossa sociedade, é algo bem raro.

Porém, nem tudo são flores, algumas coisas realmente me incomodaram.

Cipriano é uma mistura de Constantine + CSI + Seu Boneco. Ele é OverPower DEMAIS e acho que o livro sofre um pouco com o que chamo de "efeito supersayajin". Quando seu protagonista é poderoso e fodão demais, você precisa enfraquecer todos os inimigos, isso fica um pouco chato e forçado. Cipriano é interessante, mas forçado demais. Ao invés de empatia eu acabava ficando meio de saco cheio dele e pegando ranço.

O nível de poder, por exemplo, é outra que me incomoda bastante... O que para muitos o fato dessa salada de criaturas sobrenaturais existirem seja uma coisa boa, para mim fica bobo, jÔ que não consigo encaixar no meu conhecimento prévio (jÔ que não hÔ uma explicação aqui) que elas coexistam.

Julia é uma personagem chata, sem motivação, forçada e totalmente Deus Ex Machina. Sem carisma algum mesmo. O que é uma pena porque no início eu realmente achei que ia odiar o padre e me apaixonar por ela.

Faltou coragem de matar alguns personagens. Apesar da última morte eu ter tirado o chapéu (ele acertou muito nela), achei que foi pouco.

O vilĆ£o Ć© fraco e bobo. Cara que frustração do caralho. Triste, bem triste. O combate final me fez ficar balbuciando: “ahhh nĆ£o... termina assim nĆ£o... ah nĆ£o....”

A resolução do mistério também achei que foi um pouco fÔcil demais. Não é ruim, eu só esperava mais. Fica aquele gostinho de que tu sabia que podia ser melhor.

O Epílogo não acrescenta nada na história, é simplesmente uma insinuação de se criar uma brecha para um próximo livro.

Tem personagens demais. Referencias a cultura pop demais. Infelizmente desenvolvimento de menos. Esse Ć© um daqueles casos onde eu queria que o livro fosse maior, justamente para ver toda essa gama de mundo + personagens mais trabalhados e melhor explorados.


Confesso que gostei bastante de todas as alfinetadas a igreja e principalmente as cenas mais bizarras. O autor não economizou na bizarrice e isso além de corajoso é louvÔvel.

A obra se passa no Rio de Janeiro e Ć© gostoso ver tantas referencias a lugares que eu jĆ” estive ou jĆ” passei. Ɖ uma viagem divertida que vai do subĆŗrbio a zona sul.

A dentista Fernanda(FĆŖ) Ɖrica tem um nome incrivelmente sensacional hahahah.


No geral é uma obra boa e divertida, tem um certo humor mórbido sensacional e excelentes cenas de gore explicito para usar nas minhas mesas de Kult. O horror e o suspense deixam a desejar, mas para quem gosta de protagonistas fodões e badass vão ter em Cipriano um prato cheio. JÔ aqueles apaixonados por uma salada sobrenatural vão se divertir vendo de vampiros a fadas do dente e até a dragões chineses.

Ɖ um livro que vale a pena experimentar e ver essa nova roupagem gostei mais da primeira parte que da segunda, mas isso nĆ£o tira seus mĆ©ritos nem seus demĆ©ritos. O livro passa na mĆ©dia com uma certa folga rs.

Deuses CaĆ­dos - Gabriel Tennyson
Nota: 8/10

quarta-feira, 11 de julho de 2018


Eu acho que a melhor descrição pra todo o marketing envolvendo esse livro é: Desleal.
Ele é vendido como um livro de terror, mas não é.
Andrew Pyper faz mega elogios, como se isso fosse algo bom ou ele bom autor, mas não é.
Diz que explora a mitologia russa, mas não faz.

O livro é sim uma fantasia urbana, que utiliza a mitologia russa como Russalka e Baba Yaga, mas de forma genérica. Troque por qualquer outra criatura sobrenatural e você terÔ o mesmo efeito.

A história gira em torno de um mago moderno, que tem alguns problemas como ser alcoólatra por exemplo e uma criatura no passado sequestrou ele, agora ela quer vingança.

O primeiro terƧo do livro Ć© uma loucura só. Nada faz sentido. A escrita do autor Ć© bem pobre, falta história, falta um fio condutor. Realmente parece que sĆ£o vĆ”rios capĆ­tulos espalhados de forma aleatória. 

Depois da metade o livro engrena e a história começa a se desenhar, as coisas começam a fazer sentido. Apesar de alguns capítulos ainda serem meio loucos (eles dariam EXCELENTES contos), a história se mantém fiel em seu propósito aqui.

Ɖ uma pena que os personagens sejam tĆ£o mal desenvolvidos. A história atĆ© que fica boa, mas Ć© muito mais por um esforƧo de jĆ” ter passado da metade do que por realmente ter algum apego aos personagens.

Outra coisa que pode nĆ£o agradar muito Ć© o estilo da escrita. A escrita em si Ć© atĆ© ok, mas o estilo Ć© estranho. Isso se explica pq o autor Ć© roteirista, entĆ£o se sinta como “lendo um filme”.

Explico, em algumas cenas temos a ação acontecendo, daí começa outro capítulo do nada falando sobre um casal de senhoras conversando numa lanchonete e de repente um carro entra pela parede atropelando todo mundo. Bem coisa de filme, onde o ponto de vista muda, né?

Deixo claro que esse livro nĆ£o se preocupa em te localizar. Algumas frases sĆ£o soltas ao longo dele e isso Ć© o mĆ”ximo que vocĆŖ vai ter como explicação pra que algo no passado foi assim ou assado. Ele nĆ£o te “norteia”, nĆ£o te “centraliza”. NĆ£o hĆ” background aqui. AlguĆ©m diz que foi preso em uma pĆ”gina e capĆ­tulos depois alguĆ©m Ć© destruĆ­do psicologicamente por tal coisa.

O livro melhora e mantém a qualidade até o fim. O final é algo complicado pra mim. Eu gostei e não gostei ao mesmo tempo. Gostei do que acontece com o protagonista, mas acho que faltou coragem pra ir mais além. O livro termina muito morno. O epílogo podia ser melhor construído.

Eu fico na mƩdia do OK com esse livro. Queria ter gostado mais mas tambƩm queria que ele fosse melhor.

Bem-vindo Ć  Casa dos EspĆ­ritos - Christopher Buehlman
Nota:  6,5 / 10

quinta-feira, 5 de julho de 2018


Esse livro Ć© o primeiro thriller de um autor italiano e segundo a editora jĆ” foi publicado em mais de 30 paĆ­ses.

A história gira em torno de um documentarista que ao fazer muito sucesso vai viver na cidadezinha no interior da ItÔlia com sua esposa, para dar uma descansada e sair da correria de hollywood.
Chegando lĆ” ele sofre um acidente nas montanhas (tipo aquela coisa de ficar preso por dias numa mina) e isso afeta ele mais que o normal.
Acontece também que tentando superar esse trauma, ele descobre um assassinato que ocorreu a muitos anos atrÔs e isso chama muito a atenção dele. Logo uma vontade de ir atrÔs da verdade para manter sua sanidade se desenvolve.

Bem, é um thriller, acho que não preciso dizer muito mais do que isso. Irei então, tecer minhas críticas de como foi a experiencia de leitura.

O primeiro terƧo eu acho bem desnecessƔrio, isso estraga a primeira metade, que acho que podia ser cortada ou reduzida ao todo a umas 20 pƔginas.

A segunda metade ganha ritmo e a história engrena. O livro melhora MUITO, não salva tudo mas é notória a mudança, porém, no geral conta com dois (mas não únicos) defeitos principais:

  • A criação da expectativa. Acho muito importante em qualquer Thriller vocĆŖ conseguir gerar essa ansiedade, mas o livro nĆ£o consegue. Ele entrega algumas informaƧƵes de forma muito direta e sem emoção. Imagine cortes sĆŗbitos de cĆ¢mera num filme, soa bem amador mesmo. Sem contar que o Sobrenatural Ć© PƉSSIMAMENTE utilizado.
  • Falta motivação. Sim, Ć© meio empurrada goela abaixo essa vontade do protagonista (que Ć© mal desenvolvido) ir atrĆ”s desse mistĆ©rio. Isso Ć© PƉSSIMO numa história de investigação.

Você deve estar perguntando: Nossa Pedro, foi tão ruim assim?
NĆ£o, atĆ© que nĆ£o. Ɖ que o livro promete demais sabe, ele promete e nĆ£o entrega. Tudo nele Ć© um convite a uma obra excelente. A parte grĆ”fica, o acabamento em capa dura, a capa, a comparação com Stephen King (que jĆ” Ć© algo cansativo de se ver) e atĆ© as primeiras pĆ”ginas.

Promissor, não?

O livro gera uma expectativa desnecessĆ”ria e nĆ£o a alcanƧa. NĆ£o Ć© ruim, longe disso, mas nĆ£o Ć© tĆ£o bom quanto tenta ser. Ɖ aĆ­ que ele perde. Num geral ele se torna apenas OK ou aquele “ah Ć© legal”, mas sem muita empolgação.
A grande parte dos erros aqui acho que se justificam com a informação de que é o primeiro thriller do autor. Vejo potencial, talvez em futuras obras o cara arrebente.

Para mim o personagem principal deveria de certa forma ser a tal Besta, mas não é. O próprio acidente inicial que é algo importante pro plot é mal utilizado e fica aquele gosto amargo de estar sendo empurrado a força goela abaixo.
Os melhores pra mim são o Werner e a Clara, a menina é incrível, difícil não se apaixonar por ela.

Acredito que o autor se perdeu no final também, se tivesse terminado um pouco antes o livro seria bem melhor, mas o autor decidiu jogar mais uma cartada e com isso terminou corrido e sem a emoção que a cena anterior tinha, se você leu, você vai entender.

Uma primeira metade longa e de certa forma desnecessÔria, a história ganha outra pegada na segunda parte. O livro tem defeitos, mas o charme da pequena Clara vai ganhar o coração de todo leitor.
NĆ£o espere encontrar horror, o livro pincela o tema de leve e se prende a seu objetivo inicial, que Ć© ser um suspense.
Experimente, não é uma leitura demorada e vai divertir um pouco. E pelo menos, o livro é bem bonito e vai dar um grau na estante rs.

A essĆŖncia do mal - Luca D’Andrea
Nota: 7/10