.

Um pouco da minha maluquice, com um pouco disso aĆ­ mesmo.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Bom, vou tentar falar pouco (nĆ£o sei se consigo) jĆ” que infelizmente eu nĆ£o tenho nada de bom para falar deste livro.

Na verdade, tenho sim. Esse livro foi viabilizado via financiamento coletivo e a qualidade grƔfica dos extras e o capricho do autor com o envio dos itens Ʃ notƔvel. Desde o envelope atƩ o mapa, tudo muito bem cuidado. O autor informava aos apoiadores semanalmente dos status. Um carinho singular. Pena isso ser tudo de bom...

O livro conta a historia de Douglas, um poeta que desiste de sua arte e para de escrever. Ao encontrar um PĆ”ssaro da morte (aquele que conduz as almas atĆ© seu fim), o mesmo lhe informa que ele sofre de uma maldiĆ§Ć£o: O poder de tornar suas poesias verdade. O poeta entĆ£o entra em uma busca atrĆ”s da personificaĆ§Ć£o de seu poema, a bailarina Safira, junto de Anatole (o pĆ”ssaro) que perdeu seu rĆ©quiem, eles entram em uma aventura atrĆ”s de seus desejos.

Eu queria poder dizer que o mundo Ć© mal desenvolvido, mas nem isso posso. Ele NEM Ć© desenvolvido. O texto do posfĆ”cio menciona isso “a um mundo sombrio e a um tempo que pode ser um passado distante ou um futuro distĆ³pico, no qual velho oeste dĆ” lugar a hospĆ­cios onĆ­ricos, dirigĆ­veis aĆ©reos sobrevoam circos decadentistas e feiticeiras danƧam com tigres blakeanos.”. Isso Ć© complicado pois pode ser uma escolha do autor. Ok, direito de quem escreve, mas para mim nĆ£o funcionou. O prĆ³prio prefacio fala sobre as descriƧƵes, senti todas vazias e mal detalhadas. Infelizmente nĆ£o casou.

Falando do autor do prefĆ”cio. SĆ£o tantos elogios a essa obra, mencionando que Ć© uma das melhores leituras que ele jĆ” teve. Muitos, muitos elogios mesmo... Obrigado, agora sĆ£o dois autores de fora da minha lista.

Algo que vale ser mencionado Ʃ a linguagem do livro. Propositalmente escolhida pelo autor, o livro Ʃ cheio de frases elaboradas com um lƩxico distinto. O autor diz que a obra foi concebida para ser lida em voz alta. Aos amantes de poesia talvez esse fato agrade.

Outro problema sĆ£o os personagens sem carisma algum e mal desenvolvidos. Se importar com qualquer um deles Ć© um exercĆ­cio de apego forƧado, pois se depender de suas histĆ³rias...

Fantasia Sombria? NĆ£o consegui ver nem fantasia e nem nada de sombrio. Chamar algo de dark fantasy sĆ³ pq um dos personagens Ć© a ‘morte’ (que nem isso Ć©) Ć© uma ofensa a toda obra dark fantasy, principalmente pq essa ‘morte’ parece um adolescente de franja ouvindo SimplePlan chorando no quarto, tamanho nĆ­vel de drama desnecessĆ”rio.
Claro que nĆ£o sou o portador da denominaĆ§Ć£o dos tĆ­tulos, se vocĆŖ quiser chamar uma goiaba de Romance HistĆ³rico eu nĆ£o posso lhe impedir, mas para mim essa obra aqui esta longe de ser um DarkFantasy. Nem dark, nem fantasy.

Ɖ quase um “50 tons de cinza” menos explĆ­cito, com mais romance e tĆ£o bom (sĆ©rio?) quanto.

Ɖ necessĆ”rio fazer um trabalho de cotejo de revisĆ£o, encontrei poucos, mas alguns erros de digitaĆ§Ć£o, espaƧamento e principalmente pĆ”ginas faltando nĆŗmero.

O livro conta com algumas questƵes filosĆ³ficas atĆ© que interessantes, porĆ©m a leitura arrastada sĆ³ me dava vontade de terminar logo, entĆ£o admito que nem isso consegui absorver tanto.

A liĆ§Ć£o que me fica Ć©: Vou parar de ler obras independentes nacionais. SĆ©rio. Vou gastar meu dinheiro com produtos mais bem trabalhados. Dei muita chance a vĆ”rios, mas pra mim deu por um tempo...
Quer incentivar? Vai na fĆ©... Toda a sorte do mundo e espero que vocĆŖ tenha mais sucessos que eu.
Vou voltar para as obras editoriais porque pelo menos as chances sĆ£o melhores.

Uma leitura sofrida e arrastada. Um ‘plot’ sem muita motivaĆ§Ć£o e personagens fracos e mal desenvolvidos. Nem o ‘mistĆ©rio’ no final salva. O livro foi mal vendido. NĆ£o Ć© uma fantasia sombria. Funcionaria mais se fosse mais curto como um ensaio de filosofia, mas como literatura infelizmente a histĆ³ria nĆ£o decola.


O RƩquiem do PƔssaro da Morte - Andrio Santos
Nota: 2/10

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018



Apesar de ser um livro que eu conhecia jĆ” a bastante tempo, sabia da histĆ³ria, faltava ainda pegar e ler de fato. Que pena que demorei tanto tempo para fazer isso.

Serei breve, falarei mais das sensaƧƵes que me causou, pois acho que nĆ£o sou capaz de falar muito dessa obra. Sendo sucinto...



Esse livro derreteu minha mente em muitos sentidos.
Eu entendo que nem todo mundo consiga ler esse livro. Acho que as pessoas nĆ£o compreendem sua proposta. Ele Ć© de fato lento, sem ritmo e atĆ© monĆ³tono muitas vezes. Aqui nĆ£o tem aĆ§Ć£o, nĆ£o tem romance, nĆ£o tem diĆ”logos profundos. Pelo menos nĆ£o atĆ© metade ou atĆ© uns 60% do livro, aĆ­ sim, tudo muda.

O livro ganha ritmo, diĆ”logos filosĆ³ficos e sua proposta Ć© mais mastigada para o leitor. Isso nĆ£o significa que o inicio seja ruim, ele apenas Ć© mais sutil e ao terminar o livro vocĆŖ entende o porque de tal fato.



Todo o inicio do livro serve para ilustrar e nos apresentar como funciona a sociedade da Oceania e Ʃ graƧas a essa base que todos os discursos fazem sentido. Durante o inƭcio Ʃ fƔcil se chocar vendo como um poder totalitƔrio pode ser perigoso.

Ɖ impossĆ­vel nĆ£o se pegar refletindo com as conversas de Winston e O’Brien.
Um dos pontos altos sĆ£o os textos do posfĆ”cio. A sensaĆ§Ć£o Ć© de que eles fecham de forma surpreendente a obra, tipo aquelas dicas finais no fim de uma longa aula de histĆ³ria.


Acho que sendo justo este livro teria duas notas, uma como literatura e outra como efeito pessoal.

Nota como Literatura: 7/10
NĆ£o Ć© um livro fĆ”cil, seu inicio Ć© bem complicado e alguns personagens sĆ£o muito caricatos. O livro tem defeitos, mas isso nĆ£o diminui tanto assim sua qualidade.

Nota para ImportĆ¢ncia reflexiva/filosĆ³fica: 10/10
Como um amigo costuma dizer: “1984 Ć© um livro que devia ser usado nas escolas para incitar o debate”. Concordo. Muito alĆ©m do que uma simples distopia, 1984 Ć© um aviso. Acredito que quem viu somente uma critica ao socialismo perdeu nĆ£o sĆ³ outras criticas a outras ideologias, mas o mais importante que a obra tem a oferecer.

Ɖ um livro que se tornou atemporal e apesar de ser muito distante de nossa realidade atual, tomara que o aviso tenha funcionado, caso contrĆ”rio, nos vemos no “Quarto 101”.

terƧa-feira, 6 de fevereiro de 2018


Piquenique na Estrada Ć© uma obra que trata do quĆ£o pequeno o ser humano pode ser, mesmo no alto de toda a sua arrogĆ¢ncia. Livro rĆ”pido, curto, porĆ©m bem denso nas reflexƵes que ele propƵe. NĆ£o terĆ£o naves voando, alienĆ­genas cabeƧudos e verdes e nem nada do gĆŖnero. A obra foca no ser humano e em sua mania de se achar melhor.

Uma coisa que eu gostei Ć© que apesar de ser um efeito global eles se focam no micro. A histĆ³ria nĆ£o pretende contar o que acontece em outro pais, nem mesmo outro estado, o foco Ć© ali, aquela cidadezinha aquele bairro, aquelas pessoas...

Isso Ć© bem diferente do convencional, e para mim esse foi um grande ponto positivo. Nem sempre Ć© preciso salvar o mundo.

Pontos negativos:
  • Muitas coisas ficam em aberto (de proposito, os autores nĆ£o querem responder tudo), muitas mesmo, mas isso me incomoda um pouco. VĆ”rias coisas sĆ£o inseridas na histĆ³ria sem um motivo, pois elas aparecem aquela vez e pronto, nĆ£o faz sentido mais.
  • Achei que foi causado um “Hype” bem forƧado nesse livro. Foi meio que prometido algo que ele nĆ£o entrega (acho que nem almeja entregar). NĆ£o Ć© uma puta obra de FC, nĆ£o tem milhƵes de reflexƵes que derretem a mente. Ele Ć© atĆ© bem sucinto em sua proposta. Tem alguns (sĆ£o poucos de verdade) diĆ”logos interessantes e filosĆ³ficos, mas nada alĆ©m.
  • Falando em ser sucinto, o livro Ć© curto, porĆ©m a Aleph nĆ£o foi nada sucinta em sua diagramaĆ§Ć£o. Mais uma vez temos um exemplar com longas margens em branco, fonte grande e pouco aproveitamento de papel. Ouso dizer que se fosse melhor formatado o livro perderia no mĆ­nimo umas 50 pĆ”ginas e consequentemente ficaria mais em conta, justamente se tratando de um livro mais curto.

A sacada do tĆ­tulo Ć© algo sensacional e que sĆ³ fara sentido real para quem leu ou se envolveu com a obra, eu explico aqui, mas sĆ³ depois de ler o livro Ć© que vai dar aquele estalo na sua mente, acredite.

Um piquenique. Imagine uma estrada no interior, uma clareira na mata, perto da estrada. O carro sai da estrada. o carro sai da estrada e vai atĆ© a clareira. Abrem-se as portas, e sai uma turma de jovens. ComeƧam a tirar do porta-malas cestas com mantimentos, armam as tendas, acendem a fogueira. Churrasco, mĆŗsica, fotos… De manhĆ£, eles vĆ£o embora. Animais, pĆ”ssaros e insetos, que assistiram horrorizados Ć quele evento noturno, saem de seus esconderijos.

Nesse caso, os alienĆ­genas agem como nĆ³s em um piquenique. Eles passam pela terra, fazem uma pequena parada e vĆ£o embora largando seu “lixo” e suas quinquilharias para trĆ”s e nĆ³s com toda nossa “pequeneza” vamos em cima desse “lixo” como ratos fugindo do esgoto atrĆ”s de algo. De uma forma dentro do prĆ³prio livro, a humanidade Ć© como porcos, nĆ£o importa a condiĆ§Ć£o mais cedo ou mais tarde vai encontrar uma lama pra se chafurdar.

Senti tambƩm que rola uma certa semelhanƧa com o filme A chegada, que mostra um pouco dessa nossa pequeneza.

Bem... Com muitas pontas soltas, de forma proposital, esse definitivamente Ć© um livro para te fazer pensar e nesses pensamentos tentar preencher tais lacunas. NĆ£o Ć© um livro fĆ”cil, nem tenta ser e apesar de curto em tamanho, se torna denso em certos nĆ­veis filosĆ³ficos.

NĆ£o achei nada sensacional, mas Ć© longe de ser ruim. Ɖ um livro interessante e eu recomendo a leitura.

Piquenique na Estrada - IrmĆ£os StrugĆ”tski 
Nota: 7/10