Piquenique na Estrada é uma obra que trata do quão pequeno o ser humano pode ser, mesmo no alto de toda a sua arrogância. Livro rápido, curto, porém bem denso nas reflexões que ele propõe. Não terão naves voando, alienígenas cabeçudos e verdes e nem nada do gênero. A obra foca no ser humano e em sua mania de se achar melhor.
Uma coisa que eu gostei é que apesar de ser um efeito global
eles se focam no micro. A história não pretende contar o que acontece em outro
pais, nem mesmo outro estado, o foco é ali, aquela cidadezinha aquele bairro,
aquelas pessoas...
Isso é bem diferente do convencional, e para mim esse foi um
grande ponto positivo. Nem sempre é preciso salvar o mundo.
Pontos negativos:
- Muitas coisas ficam em aberto (de proposito, os autores não querem responder tudo), muitas mesmo, mas isso me incomoda um pouco. Várias coisas são inseridas na história sem um motivo, pois elas aparecem aquela vez e pronto, não faz sentido mais.
- Achei que foi causado um “Hype” bem forçado nesse livro. Foi meio que prometido algo que ele não entrega (acho que nem almeja entregar). Não é uma puta obra de FC, não tem milhões de reflexões que derretem a mente. Ele é até bem sucinto em sua proposta. Tem alguns (são poucos de verdade) diálogos interessantes e filosóficos, mas nada além.
- Falando em ser sucinto, o livro é curto, porém a Aleph não foi nada sucinta em sua diagramação. Mais uma vez temos um exemplar com longas margens em branco, fonte grande e pouco aproveitamento de papel. Ouso dizer que se fosse melhor formatado o livro perderia no mínimo umas 50 páginas e consequentemente ficaria mais em conta, justamente se tratando de um livro mais curto.
A sacada do título é algo sensacional e que só fara sentido real para quem leu ou se envolveu com a obra, eu explico aqui, mas só depois de ler o livro é que vai dar aquele estalo na sua mente, acredite.
Um piquenique. Imagine
uma estrada no interior, uma clareira na mata, perto da estrada. O carro sai da
estrada. o carro sai da estrada e vai até a clareira. Abrem-se as portas, e sai
uma turma de jovens. Começam a tirar do porta-malas cestas com mantimentos,
armam as tendas, acendem a fogueira. Churrasco, música, fotos… De manhã, eles
vão embora. Animais, pássaros e insetos, que assistiram horrorizados àquele
evento noturno, saem de seus esconderijos.
Nesse caso, os alienígenas agem como nós em um piquenique.
Eles passam pela terra, fazem uma pequena parada e vão embora largando seu
“lixo” e suas quinquilharias para trás e nós com toda nossa “pequeneza” vamos
em cima desse “lixo” como ratos fugindo do esgoto atrás de algo. De uma forma dentro
do próprio livro, a humanidade é como porcos, não importa a condição mais cedo
ou mais tarde vai encontrar uma lama pra se chafurdar.
Senti também que rola uma certa semelhança com o filme A
chegada, que mostra um pouco dessa nossa pequeneza.
Bem... Com muitas pontas soltas, de forma proposital, esse
definitivamente é um livro para te fazer pensar e nesses pensamentos tentar
preencher tais lacunas. Não é um livro fácil, nem tenta ser e apesar de curto
em tamanho, se torna denso em certos níveis filosóficos.
Não achei nada sensacional, mas é longe de ser ruim. É um
livro interessante e eu recomendo a leitura.
Piquenique na Estrada - Irmãos Strugátski
Nota: 7/10
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