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Um pouco da minha maluquice, com um pouco disso aĆ­ mesmo.

quinta-feira, 31 de maio de 2018


Stephen King é um daqueles autores que escrevem livros como se fosse aquela pessoa mais velha que senta do seu lado, te pega pela mão e diz: Vem cÔ que eu tenho uma boa história para te contar.
E ele faz isso mesmo.

Joyland é curto, simples, íntimo e... profundamente melancólico. SK não é chamado de mestre à toa.

Seguimos a história de Devin Jones, um jovem que é largado pela namorada e precisa lidar com as dores do rompimento do primeiro amor, até que descobre que um assassinato aconteceu no parque de diversões em que trabalha. Curioso ele decide pesquisar sobre aquele acontecimento horrível que aconteceu em um lugar tão mÔgico.

Parece simples demais né? E é mesmo, mas o que muda tudo são as pessoas. Sim. SK é mestre em criar personagens incríveis.

A história desse livro é aquele tipo de história que podia ter acontecido com um vizinho ou um parente seu. VÔrias coisas do protagonista aconteceram COMIGO por exemplo, e é isso que faz a obra do mestre ser tão aclamada. Apesar de ter algo fantasioso, afinal é ficção, as histórias de SK são aquelas histórias quase verdadeiras, que alguém te conta. A sensação é sempre essa.

E o final? Dolorido e surpreendente, principalmente por ser uma obra de SK (que tem sƩrios problemas em terminar seus livros).

O ponto negativo fica talvez para o mistério, que não é nada de outro mundo, porém a obra não é sobre isso e nem esse é o objetivo dela, então não é algo que atrapalhe.

Joyland é com certeza a melhor obra para começar a ler SK. Simples, direto, melancólico e humano.

Bem-vindo ao mundo do mestre.
Agora senta aqui que ele vai te contar uma história.

Joyland - Stephen King
Nota: 9/10

domingo, 27 de maio de 2018


Falar de PKD é sempre muito fÔcil, difícil é falar algo que não tenham dito ainda.
PKD é sem dúvida um dos maiores nomes da FC moderna, suas obras são bem conhecidas e inspiraram diversos filmes e series de TV.
Sonhos elétricos é uma coletânea de contos que inspiraram a série da Amazon.

Sendo bem sucinto.
NĆ£o gostei apenas do conto “Autofab

Os que mais gostei foram:
Humano Ć©” e “Foster, vocĆŖ jĆ” estĆ” morto.

Falarei um pouco deste Ćŗltimo, que entre os dois foi o que mais gostei.

Ele trata basicamente do uso da guerra como ferramenta para criar necessidade de certos produtos nas pessoas. Claro que isso jĆ” foi usado antes (1984, por exemplo), mas a forma como Ć© explorada no conto Ć© sensacional. Uma clara crĆ­tica ao consumismo desenfreado durante a guerra fria.
A genialidade nĆ£o estĆ” em “prever” um futuro, atĆ© porque o conto foi escrito em 1955 quando esse problema era presente, mas sim em esfregar na nossa cara como algo que existia naquela Ć©poca ainda persiste atĆ© hoje.

Ɖ possĆ­vel ver diversas crĆ­ticas ao capitalismo, principalmente neste conto (mas tambĆ©m em outros). PKD usa de suas realidades para fazer a gente pensar, como toda boa obra de Scifi. SerĆ” só exagero ou aviso?
Como dizem os sƔbios: REFLITAM....

O conto Ć© gratuito e estĆ” em DomĆ­nio PĆŗblico, vale a pena ler.

As introduções dos roteiristas da série dão realmente um charme a mais, apesar de nem todos os comentÔrios serem interessantes.
Abaixo segue um exemplo de bom trabalho.
Ɖ claro que o negócio Ć© este mesmo: a obra de PKD sempre vai ser relevante, porque ele via o mundo e as pessoas a seu redor com clareza Ć­mpar. Ele pensava e escrevia sobre a humanidade com precisĆ£o extraordinĆ”ria e, embora as circunstĆ¢ncias externas estejam em constante mudanƧa, esses atributos fundamentalmente humanos continuam sendo estagnados de uma maneira ao mesmo tempo linda e aterradora. O cinismo avanƧa, mas tambĆ©m a empatia o faz e, no mundo de PKD, esses dois atributos seguem de mĆ£os dadas, apoiando e combatendo um ao outro em igual medida.E, claro, ele esgueirou tudo isso sob o pretexto de ficção cientĆ­fica sensacionalista, atiƧando-nos a acreditar que talvez isso tudo seja apenas fantasia. Acontece que só depois que o conto acaba e damos mais uma conferida no mundo Ć  nossa volta Ć© que percebemos: tudo Ć© completamente verdade. -  Kalen Egan e Travis Sentell (Roteiristas da sĆ©rie)

Não gostei da tipografia. Prefiro a que a Aleph usou nos livros do Scalzi, mas isso é só uma frescura pessoal.

Listagem dos contos:
Peça de exposição
Autofab
Humano Ć©
Argumento de venda
O fabricante de gorros
Foster, vocĆŖ jĆ” morreu
A coisa-pai
O planeta impossĆ­vel
O passageiro habitual
O enforcado desconhecido

Sonhos ElƩtricos - Philip K. Dick
Nota: 8,5 / 10

terƧa-feira, 22 de maio de 2018


Misture Asimov com Philip K Dick, insira cenas Ôgeis cheia de robÓs, uma escrita Ôcida, Ôgil e divertida; bata tudo com uma boa dose de thriller policial e recheie com pensamentos filosóficos.
Adicione uma baita capa foda como cobertura.

Pronto, isso resume bem esse livro.

Scalzi jĆ” Ć© bem conhecido lĆ” fora justamente por esse seu estilo de escrita bem diferente do convencional.

A história em si nĆ£o Ć© nenhum primor de inovação. O livro Ć© quase como que uma homenagem a grandes nomes da FC e algumas coisas da cultura pop. O livro Ć© cheio de referĆŖncias, na verdade elas sĆ£o bem explicitas mesmo, e isso nĆ£o estraga, só realƧa esse “tempero”.
Os personagens são simples, mas é fÔcil você entrar na onda deles. O mundo é melhor trabalhado que os protagonistas, talvez seja uma característica de thrillers policiais medianos, e apesar disso a história funciona e desenvolve bem.

Com uma escrita Ôgil e empolgante mesmo que o mistério não seja nada fora do comum, ele é interessante o suficiente para saber como esse mundo funciona.
As discussƵes filosóficas que ele levanta tambĆ©m sĆ£o bem interessantes e bem trabalhadas. Ɖ bem capaz de te fazer refletir um pouco mesmo sem perceber, devido a leveza em que tudo Ć© feito, nĆ£o Ć© agressivo como normalmente Ć© feito.

A parte policial é realmente deixa um pouco a desejar, não é ruim, mas não é um primor, apesar de muito bem-feita e construída.
O final do livro eu também achei que poderia ser melhor, não a conclusão do problema e sim a forma como ele foi finalizado. Não sei explicar bem, mas senti que faltou algo mais.

Apesar de ter adorado o livro, sinto que realmente faltou algo aqui. Gostei muito, muito mesmo. Livro leve, divertido e moderno; mas fica um gostinho de quero mais no final. (Isso Ć© bom?)

Recomendo demais a leitura. Grande aposta da Aleph e não vejo a hora de ter mais material do Scalzi por aqui.

Encarcerados - John Scalzi
Nota: 9/10


quinta-feira, 17 de maio de 2018


Um clƔssico Ʃ um clƔssico!

Difícil falar algo que alguém jÔ não tenha dito, ainda mais se tratando desse livro. O livro é muito bom sim. Curtinho, dÔ para ler em 1 dia.
Não considero uma obra de terror, mas é um excelente suspense. A escrita é rÔpida e sem enrolação.

Duas coisas me incomodaram bastante.
  • Lila Ć© um daqueles personagens que parecem ter lido o roteiro. Ela sabe de tudo e sempre acerta. Ela sempre imagina exatamente o que precisa. Sim, isso Ć© bem comum pra Ć©poca do romance mas sempre me incomoda.
  • Logo no fim, quando Lila estĆ” no porĆ£o, ela abre a porta que sempre esteve trancada. Achei meio caĆ­do tb.

O filme, que também é um clÔssico é uma excelente adaptação, o próprio Hitchcock diz que o filme é basicamente o livro. O livro como sempre te dÔ aquela visão interna que o filme não consegue dar e por isso merece ser apreciado.

Leia o livro, veja o filme e assim como a maioria aproveite para amar odiar Norma(n) Bates.

Psicose - Robert Bloch
Nota: 8/10

Finalmente depois de uma série de livros não tao bons, minha senoide volta a subir.

Hex é um livro fora do comum, diria até que bem original. Conta com alguns percalços mas num geral é um livro muito legal e que me deu muitas ideias pra sessões de Horror. Apesar de evitar comparações, ele não é um SK.

A história do livro conta sobre uma cidade amaldiçoada, onde lÔ vive uma bruxa e se você chegar muito perto algo ruim acontece, e o autor vai te mostrando como é a vida das pessoas que precisam conviver com essa maldição e esse segredo.

O livro é basicamente um livro de horror. Pense em um filme de horror adolescente. A estrutura do livro lembra bastante esse tipo de coisa. Temo cortes de câmera, cenas e tudo mais. O terror sonda poucas partes do livro, o bicho pega mais nas descrições bizarras e loucas do autor. A própria bruxa em si fica mais como pano de fundo. O mote da história não é a vida dela e sim a vida das pessoas daquela cidade que CONVIVEM com a existência dela. Você não tem a visão dela, não tem muita informação sobre o passado dela, justamente pq não, o livro NÃO é sobre ela.

Cenas fortes e bizarras não foram economizadas. Se você curte essa bizarrice, é um prato cheio, você vai apreciar!


Uma coisa que me incomodou bastante foram algumas pontas soltas deixadas de forma desnecessÔria. Certas coisas eu não me importo de não saber, mas algumas eu quero saber SIM. Essa curiosidade forçada que alguns autores deixam é um golpe baixo e sujo na minha opinião.

Em certos pontos ele me lembrou Mestre das Chamas de Joe Hill, pois nesse livro ele basicamente trata a decadĆŖncia da humanidade. Uma merda federal aconteceu, como vocĆŖ acha que a humanidade vai reagir? Preciso dizer que vai dar merda? 

Confesso que achei os personagens mal trabalhados tambĆ©m. Ɖ tudo muito raso.

O final pecou pra mim. Conforme os últimos capítulos chegavam eu jÔ sabia que ficariam varias coisas abertas, mas a forma como o livro termina não teve um punch. Eu esperava mais. Eu mesmo imaginei algumas formas alternativas muito boas, mas geralmente os autores não tem culhao (nem obrigação, claro) de fazer.

Vale salientar que o autor deve ter um fetiche especial com tetas, sim, mamilos aparecem bastante no livro.


Spoiler alert!

Não espere unicórnios, ursinhos carinhosos ou alguém salvando todos no final. Esse livro, como todo bom filme ruim de terror é sobre derrocada e acredite, aqui tudo vai ladeira abaixo MESMO. Se você esperava uma história que vai te causando aquela agonia lenta, aquela claustrofobia, não vai ser aqui. Não me entenda mal, tudo isso você vai sentir, só não vai ser de forma lenta e nem devagar. Eu li em poucos dias e conforme ia entrando nesse mundo eu ia ficando preso.

Os capítulos finais são desgraças atrÔs de desgraças.

Se vocĆŖ conhece os estilos de RPG acho que assim como Lotfp ele se encaixa bem no conceito de Weird.

Eu gostei do livro e concordo que ele podia ser melhor aproveitado, apesar de não saber dizer como. Ele funciona ao que se propõe. Como disse no início, não é um SK, não são personagens incríveis e nem uma viagem dentro da psique humana, e se você não esperar isso dele, acredito que, assim como eu, você vai curtir essa viagem doida também.

HEX - Thomas Olde Hevelt
Nota: 8/10

domingo, 13 de maio de 2018


Infelizmente ainda continua minha falta de ideia e saco pra escrever, mas vou aproveitar e pelo menos citar algo sobre mais um tĆ­tulo.

2001 é uma obra bem conhecida de qualquer fã de sci-fi. Se você não conhece desculpa te falar, mas você não é fã. Sinto muito, sua carteirinha foi revogada.

Se você é fã, muito provavelmente você assistiu o filme do Kubrick e é principalmente com você que vou falar.

Se você não gostou do filme, o livro é BEM melhor e sem aquela lentidão do filme (apesar de ter alguns momentos que vou te falar...). A escrita é gostosa (num geral) e por momentos até agoniante, o que funciona muito bem em alguns acontecimentos. A história é melhor desenvolvida principalmente pq se pode trabalhar o interior dos personagens. Tudo acaba fazendo mais sentido e funciona muito bem como um complemento ao filme, te mostrando lados que o filme não mostra e trazendo mais luz e sentido a outros.

Se você gostou do filme seu maluco do caralho, o livro vai casar ainda mais as histórias e te mostrar coisas de uma forma que o filme não consegue. Acredite, estar dentro da cabeça de alguns personagens é sensacional e muito revelador, algo que o filme não consegue entregar.

Muita gente fala do final do livro... eu achei bem mehh. Pode me odiar por dizer isso.

Continuo achando que Ć© uma obra obrigatória para um fĆ£ de sci-fi, pelo menos pra conhecer os clĆ”ssicos. A imaginação do autor pra uma Ć©poca onde nada daquilo havia acontecido Ć© sensacional. Sem contar que acho que funciona melhor mesmo como um complemento ao filme. Gaste suas horas de vida com os dois e perceba as diferentes nuances. Eu fiz e nĆ£o me arrependi e olha que nĆ£o sou tĆ£o fĆ£ do filme. Vamo combinar que vocĆŖ jĆ” gastou sua vida em coisa pior.

A edição também é muito maneira. Desde o livro que imita um monólito até os contos no final que mostram o material em que a história foi baseada.

Minha recomendação é ler 2001 e parar por aqui. As continuações entram numa viagem de Ôcido psicodélica demais (até pra mim).

2001: Uma Odisseia No EspaƧo - Arthur C. Clarke
Nota:7/10



Confesso andar meio sem saco de escrever e principalmente sem inspiração para tal. Mas, aproveitando para pelo menos deixar registrado minha sensação ao ler esse título.
Shirley Jackson é uma autora bem conhecida e até muito recomendada por autores dos quais sou muito fã, porém, essa obra não foi o melhor começo pra minha pessoa.

Talvez eu seja realmente um completo ignorante desconhecedor de artes do mundo e incapaz de encontrar genialidade (não seria a primeira vez que me falam isso...) mas eu só não consegui encontrar a cereja do bolo aqui.

A história cumpre seu papel ao entregar uma estranheza. Isso realmente ela entrega e SPOILER: Isso é tudo que ela entrega.

A história nĆ£o fecha. Ɖ tipo aquelas piadas mal contadas que nĆ£o tem final e ninguĆ©m ri.

O “mistĆ©rio” que assombra o livro Ć© revelado de forma bem tranquila pela autora e vocĆŖ passa o livro todo buscando a pegadinha.

Mas talvez a pegadinha seja justamente essa. NĆ£o tem pegadinhas.

Ɖ um livro curtinho, nĆ£o Ć© de todo mal, mas Ć© longe de ser bom. Ele Ć© ESTRANHO. Vale ler pra matar a curiosidade e conhecer personagens bem fora do comum. NĆ£o espere nada sensacional e talvez algo ali te agrade.

Preciso ler mais livros desta simpƔtica senhora, pois elogiada sei que ela Ʃ.

Sempre Vivemos No Castelo - Shirley Jackson
Nota: 6/10