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Um pouco da minha maluquice, com um pouco disso aĆ­ mesmo.

domingo, 10 de junho de 2018


Uma leve decepção com esse livro. Leve pq eu jÔ sabia que quando a expectativa sobe demais normalmente você se arrepende (e até paga caro por isso), jÔ que o livro foi vencedor de todos os prêmios de FC que concorreu.

Pois é, eu não gostei. Não é um livro ruim, ele só é chato (pelo menos num geral, continua lendo que vc vai entender). E isso, pelo menos pra mim, tem uma baita diferença.

Não vou falar sobre o que é a história, confesso que em qualquer outra review por aí se tem acesso a isso, vou aproveitar para falar o que senti durante a leitura.

O livro pra mim conta com falhas graves. Ele é lento demais em grande parte. A primeira metade do livro não é só chata e arrastada, é ruim mesmo. Se trocasse por um resuminho eu ficava mais feliz (e pagando mais barato).
Os personagens não têm carisma nenhum, eu passei o livro quase todo cagando pra todo mundo ali (não tem ninguém marcante).
Falta motivação, o plot é simples demais: A protagonista segue num objetivo irrefreÔvel de vingança mesmo que nem ela lembre mais direito o pq precisa se vingar.

O livro usa tambĆ©m de capĆ­tulos alternando entre presente e passado, jĆ” falei antes e quem me conhece sabe que nĆ£o gosto disso. Ɖ como se fossem dois livros diferentes condensados em um. A escrita da autora nĆ£o Ć© nenhum ‘page turner’ ou seja, um capitulo acaba sem te causar nenhum interesse pra ir para o próximo. Na primeira metade do livro (onde rola essa troca de tempo) eu só queria que acabasse logo e ir pro próximo pq estava sim, bem chato.

Acho que o livro foi tão premiado pelas coisas diferentes que ele traz, não é nada pioneiro Ursula K leguin jÔ fez isso antes, mas a abordagem consegue ser original em sua forma.
Um mundo complexo, o fato de não existirem gêneros, IA com vontade própria e quase humanas, que tem corpos biológicos próprios. Tudo isso é bem interessante de certa forma e nada comum.
O que também me prova o seguinte: Assim como o Oscar, prêmio de literatura não quer dizer nada.

Devido a uma escrita sem muito empolgação e arrastada, eu nĆ£o consegui me apegar ao plot. Ɖ como se alguĆ©m me mostrasse aquela pintura de 3 bolinhas e tentasse me dizer como a arte Ć© maravilhosa e te faz viajar, coisa bem intelectual mesmo. Na minha mente eu agradeƧo a tentativa de me apresentar a filosofia por trĆ”s da coisa, mas na realidade pra mim ainda sĆ£o bolinhas no quadro. Acho que dĆ” pra ver que nĆ£o sou nenhum sueco apreciador de arte.
Como um amigo diz: ainda é só uma pintura que um macaco conseguiria fazer.


Outra coisa que senti falta, é sobre as reflexões que a FC geralmente te causa, eu particularmente não vi isso aqui. Vi conceitos novos, mas nada muito reflexivo. O livro até conta com um ou outro dialogo mais interessante, mas não são nada densos se comparados a grandes nomes da FC por aí. (Existe sim uma crítica a alguns pontos da sociedade, mas como disse, nada tão forte assim)

O universo é de fato rico, novo e muito bem construído, só que ele é bem construído demais. Por momentos lembra a escrita de Tolkien de tão bem detalhado que é. Eu não sou fã dessa perda de ritmo, se você gosta com certeza vai aproveitar mais que eu.

O incomodo Ć© grande. Vontade de largar o livro a todo momento e ir ler algo melhor... AtĆ© que chegam as ultimas 40 pĆ”ginas, Aƍ MERMƃO, a coisa realmente muda.
Toda a ação do livro estão nessas 40 pÔginas finais.

Ɖ obvio que nĆ£o salva o livro todo, mas faz o que precisa para uma trilogia, que Ć©: te deixa querendo mais.
NĆ£o sei se tenho coragem de encarar os outros 2 livros, mas a curiosidade fica e Ć© justamente no final que tu compra a briga da galera ali.

Pessoalmente falando eu acho bem complicado um livro de 400pg só te ganhar nos instantes finais. Eu paguei para ver uma história boa completa, certo?

Eu até acho que entendo os prêmios e a galera que elogia demais esse livro (mentira entendo não), mas pra mim a soma de plot + personagens num todo não encaixa tão bem.
Acho que a autora tem um mundo excelente e único, cheio de tramas políticas, mas ainda tem muito a melhorar. Talvez os próximos romances (é uma trilogia), sejam melhores jÔ que não foram premiados.
Resumindo, achei um livro ok, comeƧa mal, continua mal, vai terminando mal e melhora bastante.

JustiƧa Ancilar - Ann Leckie
Nota: 6/10


quinta-feira, 31 de maio de 2018


Stephen King é um daqueles autores que escrevem livros como se fosse aquela pessoa mais velha que senta do seu lado, te pega pela mão e diz: Vem cÔ que eu tenho uma boa história para te contar.
E ele faz isso mesmo.

Joyland é curto, simples, íntimo e... profundamente melancólico. SK não é chamado de mestre à toa.

Seguimos a história de Devin Jones, um jovem que é largado pela namorada e precisa lidar com as dores do rompimento do primeiro amor, até que descobre que um assassinato aconteceu no parque de diversões em que trabalha. Curioso ele decide pesquisar sobre aquele acontecimento horrível que aconteceu em um lugar tão mÔgico.

Parece simples demais né? E é mesmo, mas o que muda tudo são as pessoas. Sim. SK é mestre em criar personagens incríveis.

A história desse livro é aquele tipo de história que podia ter acontecido com um vizinho ou um parente seu. VÔrias coisas do protagonista aconteceram COMIGO por exemplo, e é isso que faz a obra do mestre ser tão aclamada. Apesar de ter algo fantasioso, afinal é ficção, as histórias de SK são aquelas histórias quase verdadeiras, que alguém te conta. A sensação é sempre essa.

E o final? Dolorido e surpreendente, principalmente por ser uma obra de SK (que tem sƩrios problemas em terminar seus livros).

O ponto negativo fica talvez para o mistério, que não é nada de outro mundo, porém a obra não é sobre isso e nem esse é o objetivo dela, então não é algo que atrapalhe.

Joyland é com certeza a melhor obra para começar a ler SK. Simples, direto, melancólico e humano.

Bem-vindo ao mundo do mestre.
Agora senta aqui que ele vai te contar uma história.

Joyland - Stephen King
Nota: 9/10

domingo, 27 de maio de 2018


Falar de PKD é sempre muito fÔcil, difícil é falar algo que não tenham dito ainda.
PKD é sem dúvida um dos maiores nomes da FC moderna, suas obras são bem conhecidas e inspiraram diversos filmes e series de TV.
Sonhos elétricos é uma coletânea de contos que inspiraram a série da Amazon.

Sendo bem sucinto.
NĆ£o gostei apenas do conto “Autofab

Os que mais gostei foram:
Humano Ć©” e “Foster, vocĆŖ jĆ” estĆ” morto.

Falarei um pouco deste Ćŗltimo, que entre os dois foi o que mais gostei.

Ele trata basicamente do uso da guerra como ferramenta para criar necessidade de certos produtos nas pessoas. Claro que isso jĆ” foi usado antes (1984, por exemplo), mas a forma como Ć© explorada no conto Ć© sensacional. Uma clara crĆ­tica ao consumismo desenfreado durante a guerra fria.
A genialidade nĆ£o estĆ” em “prever” um futuro, atĆ© porque o conto foi escrito em 1955 quando esse problema era presente, mas sim em esfregar na nossa cara como algo que existia naquela Ć©poca ainda persiste atĆ© hoje.

Ɖ possĆ­vel ver diversas crĆ­ticas ao capitalismo, principalmente neste conto (mas tambĆ©m em outros). PKD usa de suas realidades para fazer a gente pensar, como toda boa obra de Scifi. SerĆ” só exagero ou aviso?
Como dizem os sƔbios: REFLITAM....

O conto Ć© gratuito e estĆ” em DomĆ­nio PĆŗblico, vale a pena ler.

As introduções dos roteiristas da série dão realmente um charme a mais, apesar de nem todos os comentÔrios serem interessantes.
Abaixo segue um exemplo de bom trabalho.
Ɖ claro que o negócio Ć© este mesmo: a obra de PKD sempre vai ser relevante, porque ele via o mundo e as pessoas a seu redor com clareza Ć­mpar. Ele pensava e escrevia sobre a humanidade com precisĆ£o extraordinĆ”ria e, embora as circunstĆ¢ncias externas estejam em constante mudanƧa, esses atributos fundamentalmente humanos continuam sendo estagnados de uma maneira ao mesmo tempo linda e aterradora. O cinismo avanƧa, mas tambĆ©m a empatia o faz e, no mundo de PKD, esses dois atributos seguem de mĆ£os dadas, apoiando e combatendo um ao outro em igual medida.E, claro, ele esgueirou tudo isso sob o pretexto de ficção cientĆ­fica sensacionalista, atiƧando-nos a acreditar que talvez isso tudo seja apenas fantasia. Acontece que só depois que o conto acaba e damos mais uma conferida no mundo Ć  nossa volta Ć© que percebemos: tudo Ć© completamente verdade. -  Kalen Egan e Travis Sentell (Roteiristas da sĆ©rie)

Não gostei da tipografia. Prefiro a que a Aleph usou nos livros do Scalzi, mas isso é só uma frescura pessoal.

Listagem dos contos:
Peça de exposição
Autofab
Humano Ć©
Argumento de venda
O fabricante de gorros
Foster, vocĆŖ jĆ” morreu
A coisa-pai
O planeta impossĆ­vel
O passageiro habitual
O enforcado desconhecido

Sonhos ElƩtricos - Philip K. Dick
Nota: 8,5 / 10

terƧa-feira, 22 de maio de 2018


Misture Asimov com Philip K Dick, insira cenas Ôgeis cheia de robÓs, uma escrita Ôcida, Ôgil e divertida; bata tudo com uma boa dose de thriller policial e recheie com pensamentos filosóficos.
Adicione uma baita capa foda como cobertura.

Pronto, isso resume bem esse livro.

Scalzi jĆ” Ć© bem conhecido lĆ” fora justamente por esse seu estilo de escrita bem diferente do convencional.

A história em si nĆ£o Ć© nenhum primor de inovação. O livro Ć© quase como que uma homenagem a grandes nomes da FC e algumas coisas da cultura pop. O livro Ć© cheio de referĆŖncias, na verdade elas sĆ£o bem explicitas mesmo, e isso nĆ£o estraga, só realƧa esse “tempero”.
Os personagens são simples, mas é fÔcil você entrar na onda deles. O mundo é melhor trabalhado que os protagonistas, talvez seja uma característica de thrillers policiais medianos, e apesar disso a história funciona e desenvolve bem.

Com uma escrita Ôgil e empolgante mesmo que o mistério não seja nada fora do comum, ele é interessante o suficiente para saber como esse mundo funciona.
As discussƵes filosóficas que ele levanta tambĆ©m sĆ£o bem interessantes e bem trabalhadas. Ɖ bem capaz de te fazer refletir um pouco mesmo sem perceber, devido a leveza em que tudo Ć© feito, nĆ£o Ć© agressivo como normalmente Ć© feito.

A parte policial é realmente deixa um pouco a desejar, não é ruim, mas não é um primor, apesar de muito bem-feita e construída.
O final do livro eu também achei que poderia ser melhor, não a conclusão do problema e sim a forma como ele foi finalizado. Não sei explicar bem, mas senti que faltou algo mais.

Apesar de ter adorado o livro, sinto que realmente faltou algo aqui. Gostei muito, muito mesmo. Livro leve, divertido e moderno; mas fica um gostinho de quero mais no final. (Isso Ć© bom?)

Recomendo demais a leitura. Grande aposta da Aleph e não vejo a hora de ter mais material do Scalzi por aqui.

Encarcerados - John Scalzi
Nota: 9/10


quinta-feira, 17 de maio de 2018


Um clƔssico Ʃ um clƔssico!

Difícil falar algo que alguém jÔ não tenha dito, ainda mais se tratando desse livro. O livro é muito bom sim. Curtinho, dÔ para ler em 1 dia.
Não considero uma obra de terror, mas é um excelente suspense. A escrita é rÔpida e sem enrolação.

Duas coisas me incomodaram bastante.
  • Lila Ć© um daqueles personagens que parecem ter lido o roteiro. Ela sabe de tudo e sempre acerta. Ela sempre imagina exatamente o que precisa. Sim, isso Ć© bem comum pra Ć©poca do romance mas sempre me incomoda.
  • Logo no fim, quando Lila estĆ” no porĆ£o, ela abre a porta que sempre esteve trancada. Achei meio caĆ­do tb.

O filme, que também é um clÔssico é uma excelente adaptação, o próprio Hitchcock diz que o filme é basicamente o livro. O livro como sempre te dÔ aquela visão interna que o filme não consegue dar e por isso merece ser apreciado.

Leia o livro, veja o filme e assim como a maioria aproveite para amar odiar Norma(n) Bates.

Psicose - Robert Bloch
Nota: 8/10

Finalmente depois de uma série de livros não tao bons, minha senoide volta a subir.

Hex é um livro fora do comum, diria até que bem original. Conta com alguns percalços mas num geral é um livro muito legal e que me deu muitas ideias pra sessões de Horror. Apesar de evitar comparações, ele não é um SK.

A história do livro conta sobre uma cidade amaldiçoada, onde lÔ vive uma bruxa e se você chegar muito perto algo ruim acontece, e o autor vai te mostrando como é a vida das pessoas que precisam conviver com essa maldição e esse segredo.

O livro é basicamente um livro de horror. Pense em um filme de horror adolescente. A estrutura do livro lembra bastante esse tipo de coisa. Temo cortes de câmera, cenas e tudo mais. O terror sonda poucas partes do livro, o bicho pega mais nas descrições bizarras e loucas do autor. A própria bruxa em si fica mais como pano de fundo. O mote da história não é a vida dela e sim a vida das pessoas daquela cidade que CONVIVEM com a existência dela. Você não tem a visão dela, não tem muita informação sobre o passado dela, justamente pq não, o livro NÃO é sobre ela.

Cenas fortes e bizarras não foram economizadas. Se você curte essa bizarrice, é um prato cheio, você vai apreciar!


Uma coisa que me incomodou bastante foram algumas pontas soltas deixadas de forma desnecessÔria. Certas coisas eu não me importo de não saber, mas algumas eu quero saber SIM. Essa curiosidade forçada que alguns autores deixam é um golpe baixo e sujo na minha opinião.

Em certos pontos ele me lembrou Mestre das Chamas de Joe Hill, pois nesse livro ele basicamente trata a decadĆŖncia da humanidade. Uma merda federal aconteceu, como vocĆŖ acha que a humanidade vai reagir? Preciso dizer que vai dar merda? 

Confesso que achei os personagens mal trabalhados tambĆ©m. Ɖ tudo muito raso.

O final pecou pra mim. Conforme os últimos capítulos chegavam eu jÔ sabia que ficariam varias coisas abertas, mas a forma como o livro termina não teve um punch. Eu esperava mais. Eu mesmo imaginei algumas formas alternativas muito boas, mas geralmente os autores não tem culhao (nem obrigação, claro) de fazer.

Vale salientar que o autor deve ter um fetiche especial com tetas, sim, mamilos aparecem bastante no livro.


Spoiler alert!

Não espere unicórnios, ursinhos carinhosos ou alguém salvando todos no final. Esse livro, como todo bom filme ruim de terror é sobre derrocada e acredite, aqui tudo vai ladeira abaixo MESMO. Se você esperava uma história que vai te causando aquela agonia lenta, aquela claustrofobia, não vai ser aqui. Não me entenda mal, tudo isso você vai sentir, só não vai ser de forma lenta e nem devagar. Eu li em poucos dias e conforme ia entrando nesse mundo eu ia ficando preso.

Os capítulos finais são desgraças atrÔs de desgraças.

Se vocĆŖ conhece os estilos de RPG acho que assim como Lotfp ele se encaixa bem no conceito de Weird.

Eu gostei do livro e concordo que ele podia ser melhor aproveitado, apesar de não saber dizer como. Ele funciona ao que se propõe. Como disse no início, não é um SK, não são personagens incríveis e nem uma viagem dentro da psique humana, e se você não esperar isso dele, acredito que, assim como eu, você vai curtir essa viagem doida também.

HEX - Thomas Olde Hevelt
Nota: 8/10

domingo, 13 de maio de 2018


Infelizmente ainda continua minha falta de ideia e saco pra escrever, mas vou aproveitar e pelo menos citar algo sobre mais um tĆ­tulo.

2001 é uma obra bem conhecida de qualquer fã de sci-fi. Se você não conhece desculpa te falar, mas você não é fã. Sinto muito, sua carteirinha foi revogada.

Se você é fã, muito provavelmente você assistiu o filme do Kubrick e é principalmente com você que vou falar.

Se você não gostou do filme, o livro é BEM melhor e sem aquela lentidão do filme (apesar de ter alguns momentos que vou te falar...). A escrita é gostosa (num geral) e por momentos até agoniante, o que funciona muito bem em alguns acontecimentos. A história é melhor desenvolvida principalmente pq se pode trabalhar o interior dos personagens. Tudo acaba fazendo mais sentido e funciona muito bem como um complemento ao filme, te mostrando lados que o filme não mostra e trazendo mais luz e sentido a outros.

Se você gostou do filme seu maluco do caralho, o livro vai casar ainda mais as histórias e te mostrar coisas de uma forma que o filme não consegue. Acredite, estar dentro da cabeça de alguns personagens é sensacional e muito revelador, algo que o filme não consegue entregar.

Muita gente fala do final do livro... eu achei bem mehh. Pode me odiar por dizer isso.

Continuo achando que Ć© uma obra obrigatória para um fĆ£ de sci-fi, pelo menos pra conhecer os clĆ”ssicos. A imaginação do autor pra uma Ć©poca onde nada daquilo havia acontecido Ć© sensacional. Sem contar que acho que funciona melhor mesmo como um complemento ao filme. Gaste suas horas de vida com os dois e perceba as diferentes nuances. Eu fiz e nĆ£o me arrependi e olha que nĆ£o sou tĆ£o fĆ£ do filme. Vamo combinar que vocĆŖ jĆ” gastou sua vida em coisa pior.

A edição também é muito maneira. Desde o livro que imita um monólito até os contos no final que mostram o material em que a história foi baseada.

Minha recomendação é ler 2001 e parar por aqui. As continuações entram numa viagem de Ôcido psicodélica demais (até pra mim).

2001: Uma Odisseia No EspaƧo - Arthur C. Clarke
Nota:7/10



Confesso andar meio sem saco de escrever e principalmente sem inspiração para tal. Mas, aproveitando para pelo menos deixar registrado minha sensação ao ler esse título.
Shirley Jackson é uma autora bem conhecida e até muito recomendada por autores dos quais sou muito fã, porém, essa obra não foi o melhor começo pra minha pessoa.

Talvez eu seja realmente um completo ignorante desconhecedor de artes do mundo e incapaz de encontrar genialidade (não seria a primeira vez que me falam isso...) mas eu só não consegui encontrar a cereja do bolo aqui.

A história cumpre seu papel ao entregar uma estranheza. Isso realmente ela entrega e SPOILER: Isso é tudo que ela entrega.

A história nĆ£o fecha. Ɖ tipo aquelas piadas mal contadas que nĆ£o tem final e ninguĆ©m ri.

O “mistĆ©rio” que assombra o livro Ć© revelado de forma bem tranquila pela autora e vocĆŖ passa o livro todo buscando a pegadinha.

Mas talvez a pegadinha seja justamente essa. NĆ£o tem pegadinhas.

Ɖ um livro curtinho, nĆ£o Ć© de todo mal, mas Ć© longe de ser bom. Ele Ć© ESTRANHO. Vale ler pra matar a curiosidade e conhecer personagens bem fora do comum. NĆ£o espere nada sensacional e talvez algo ali te agrade.

Preciso ler mais livros desta simpƔtica senhora, pois elogiada sei que ela Ʃ.

Sempre Vivemos No Castelo - Shirley Jackson
Nota: 6/10

terƧa-feira, 17 de abril de 2018


Finalizado mais um. Esse me chamou tanto a atenção que comprei pouco após o lançamento, e adivinhem só? mais chumbo triste.

O Livro é divido em duas partes, e é BEM importante citar isso, mais para frente entenderão o porquê. Não vou colocar aqui a sinopse pois em qualquer lugar é possível encontrÔ-la, mas posso dizer o seguinte, se fosse possível eu leria só a primeira parte.

Pra não destruir somente, vou colocar o que me agradou na leitura:
  • O que eu mais gostei nesse livro Ć© que ele Ć© um livro que trata sobre HUMANIDADE. Sim, ele Ć© um livro HUMANO… algo bem diferente da maioria das obras de fantasia. 
  • O personagem principal da primeira parte Ć© interessante. Ele Ć© 'quebrado'. VocĆŖ compra a briga dele e quer saber mais, conhecer mais.
  • Mesmo com um suspense, intrigas e tramas polĆ­ticas, o foco do livro continua sendo os sentimentos do personagem principal. VocĆŖ acompanha as sensaƧƵes e angĆŗstias e eventualmente atĆ© se sente assim tambĆ©m. 
Essa sensação o autor consegue lhe causar muito bem.. Ɖ quase um estocolmo, onde o personagem tĆ” na merda e vocĆŖ fica tambĆ©m mas vocĆŖ nĆ£o larga pois quer saber mais da história.

Pequeno spoiler
A obra lembra um pouco a história de o último samurai, mais especificamente katsumoto e o imperador. Um oficial dedicado ao extremo e um imperador jovem mal aconselhado..
Pois e…. JĆ” vi isso antes. (mas só na Parte 1, pois a 2.......)

E então, as flores acabam aí, entrando na segunda parte eu me arrependo de ter tido esses sentimentos em relação a primeira.

  • Vamos as crĆ­ticas:

Eu realmente senti que faltou uma construção de mundo. Acho que faltou um mapa e mais detalhes sobre esse mundo. Parece aqueles filmes que focam somente no rosto do personagem e o resto não importa, apenas as emoções do protagonista. As cidades são apenas nomes, assim como as florestas. Você sabe o que é uma mas ela não tem personalidade. Se o autor usasse locais reais pelo menos você faria a ligação. THERE IS NO FUCKING WORLD BUILDING IN THIS SHIT!

O livro conta com uma estrutura de flashbacks. Apesar de não estragar a história, não é uma coisa que eu goste. Eu sempre acho que flashbacks no meio das cenas tiram a fluidez da historia. Não é nenhum erro fatal, mas me incomoda um pouco.

Mesmo com muita ação e algumas reviravoltas o livro consegue ser extremamente lento… contraditório mas real.

A primeira parte ainda Ć© interessante, conta com um suspense que te prende mas a segunda Ć© simplesmente : CHATA.
Foi um sofrimento. O livro passa a levar a humanidade a sério demais e acaba sendo quase um crepúsculo medieval. São muitos sentimentos bobos de romancezinho adolescente. A qualidade cai demais.

Os personagens interessantes ficam apagados. As políticas perdem força. Nem a intriga que se cria na primeira parte é satisfatória, ela se perde e fica boba.

O livro ruma para as últimas pÔginas para concluir a história e o final é sem emoção. Impacto 0.

EngraƧado que vi vĆ”rias resenhas elogiando o livro, ao terminar de ler fui procurar de novo e todas sĆ£o de parcerias com a editora…
Pois Ć©…..

O livro até conta com diÔlogos interessantes. Eu mesmo coloquei vÔrios prints no meu facebook. O autor buscava uma poesia bacana na história, mas infelizmente se perde. Esse livro tem cara de ser primeiro livro, muita coisa pode melhorar, talvez melhore, sucesso pro autor...

Definindo então esse livro em duas palavras.
Parte 1 - com potencial. - Nota 7
Parte 2 - bobo. - Nota 5

Definitivamente eu não lerei a continuação.

O Livro e a Espada - Antoine Rouaud
Nota: 6/10

terƧa-feira, 3 de abril de 2018


Infelizmente o sentimento que mais imperou esse livro foi: Decepção.
Não, ele não é o pior livro nem nada do tipo, mas é que o autor pegou essa trilogia e foi uma escada abaixo.

O livro comeƧa bem, antes da metade perde completamente o ritmo e melhora nos trƩs capƭtulos finais.

O livro é longo demais, cansativo mesmo. São personagens DEMAIS. O livro conta com um apêndice no final com os nomes e origens, e ACREDITE, você vai usÔ-lo mas infelizmente ele não resolve pois mesmo lembrando o nome você não vai lembrar do papel na história de todos eles. Pra piorar ainda mais a situação, são MUITOS nomes parecidos.

Faltou desenvolvimento de vƔrios personagens, outros simplesmente deram um puta upgrade e os protagonistas perderam todo o protagonismo.

Vaelin que era um dos melhores personagens se tornou uma figura apagada.

Lyrna vira do nada uma especialista em guerras, sim ela que sempre foi a princesa e que nunca foi treinada a governar. Ela que no livro anterior era uma de minhas preferidas, nesse livro se tornou chata, seus capĆ­tulos pareciam nunca terminar.

Reva é outro exemplo de 'boost na ficha'. A menina ficou baita overpower e sem razão alguma. Ela não teve evolução, ela simplesmente CHEGOU LÁ. Tipo Goku modo Deus.

O final Ʃ fraco e sem impacto. AtƩ o grande inimigo fica bobo no fim e perde sem um clƭmax.

Acho que o autor se perdeu no mundo que ele criou e depois ficou difĆ­cil domar.

Mas tem alguns pontos positivos. O livro Ʃ cheio de frases reflexivas, eu mesmo andei postando vƔrias essa semana.

Por ter encontrado uma resenha que simplesmente transcreve tudo que eu achei, ao invƩs de escrever a mesma coisa, colocarei aqui abaixo (com os devidos crƩditos).

Faltou algo. Muito maior do que o sentimento de decepção - nĆ£o acho que de fato me decepcionei - mas faltou alguma coisa. Talvez vĆ”rias algumas coisas. 

Fui alertada de que este livro nĆ£o era bom e que a maioria das pessoas se decepcionaram muito com ele. Me preparei ao mĆ”ximo para essa leitura e comecei ela sem nenhuma expectativa, apenas pretendendo apreciar a história, me despedir dos personagens que aprendi a gostar tanto e torcer para ter as principais questƵes respondidas. 

Apesar da leitura incrivelmente arrastada, este livro nĆ£o Ć© de todo ruim. Ele oferece a nós o desfecho da história de Vaelin e cia, e explica a maioria das dĆŗvidas que surgiram ao longo da trilogia, apesar de ter deixado alguns pontos abertos. PorĆ©m, Ć© um livro muito abaixo quando comparado Ć  Canção do Sangue e O Senhor da Torre. 

Não tive aquele sentimento gratificante ao terminar uma série. Respirar aliviada e querer abraçar o livro. A minha reação foi intrigante, como se... estivesse faltando algo. Não me senti convencida pela forma como a história foi contada.

O primeiro terƧo do livro foi positivo, direto e sem enrolação. Me pegou atĆ© um pouco de surpresa, porque imaginei que aquilo levaria mais tempo para acontecer. Este inĆ­cio me deu algumas esperanƧas de que o livro poderia ser eletrizante e mais uma vez me segurei ao mĆ”ximo para nĆ£o aumentar as expectativas. Mas o que aconteceu depois, foi que a história se tornou entediante, arrastando-se assim atĆ© o final. 

NĆ£o que o livro nĆ£o tenha muitas batalhas, aliĆ”s, ele Ć© cheio delas. No mar e em terra. Mas aquelas que importam de verdade, que me deixou apreensiva e com uma pontada de medo, com exceção do inĆ­cio, nĆ£o aconteceram. Um ponto inegĆ”vel Ć© que Ryan descreve cenas de guerra com muita qualidade. 

Senti falta da evolução dos personagens. Eles comeƧaram e terminaram da mesma forma, e em alguns casos tiveram um certo declĆ­nio. Como Reva, por exemplo, que era uma personagem que eu gostava tanto e acabou decaindo. Ela protagonizou cenas incrĆ­veis, mas o autor forƧou um pouco a barra com ela, que quis construir uma personagem forte e invencĆ­vel, mas nĆ£o fiquei convencida disso. AliĆ”s, algumas decisƵes que ela tomou me irritaram bastante. Achei o seu arco bem repetitivo. 

Um fato sobre os personagens secundĆ”rios deste livro: Socorro! Quem Ć© quem? SĆ£o tantos, com nomes parecidos, personagens que confundo um com o outro. Faltou um pouco o autor caracterizĆ”-los melhor? Colocar um leve background sobre eles quando apareciam, para que eu pudesse tentar lembrar quem eram? NĆ£o sei. Só sei que me senti extremamente confusa com relação a isso, e sinceramente, nĆ£o me importei com nenhum deles. 

Os pontos de vista de Frentis foram os mais interessantes, os que realmente me fizeram ansiar para chegar logo. Depois de tudo o que aconteceu com ele em O Senhor da Torre, Frentis ainda possui uma espĆ©cie de ligação bizarra com a Elverah, podendo nos dar uma visĆ£o dos planos dela e assim uma diretriz Ć  história. Os acontecimentos envoltos nos POVs de Frentis foram os melhores, porĆ©m o personagem jĆ” foi construĆ­do e nĆ£o sobrou espaƧo para evolução, o que fez dele um tanto previsĆ­vel. 

Não compreendi muito bem alguns pontos relacionados à Rainha Lyrna. Houve tanto foreshadowing sobre a Rainha do Fogo, que eu esperava vê-la com sangue nos olhos, beirando a loucura por conta do que aconteceu com ela e ao seu reino - o que seria extremamente compreensível. Por outro lado, o que vi foi uma rainha muito segura, determinada e mais sã do que quase todo seu exército. Apesar dos seus planos e estratagemas arriscados com relação a guerra, confesso que eu a seguiria sem nem pensar duas vezes.

Durante toda a história deste livro, senti Vaelin nublado, sem de fato reconhecĆŖ-lo de verdade. Apagado, essa Ć© a melhor palavra para descrevĆŖ-lo. Acho que Anthony Ryan criou um personagem incrĆ­vel, que se tornou um dos meus personagens favoritos, e nĆ£o soube aproveitĆ”-lo. Eu fiquei esperando o seu grande momento. Esperando, esperando e esperando... atĆ© que o livro acabou, e faltou algo. O grande sucesso do primeiro livro se dĆ” a acompanharmos a jornada de Vaelin e ele ser um personagem muito cativante. Me esforcei bastante para aceitar a grande mudanƧa do segundo livro, quando o autor decidiu inserir outros pontos de vista, para expandir a sua história. PorĆ©m, foi em A Rainha do Fogo que sua decisĆ£o caiu pelas mĆ£os, e a história deixou de ser tĆ£o prazerosa, com um capĆ­tulo mais maƧante que o outro. 

Sobre o mistério do Aliado e seus seguidores, incluindo Elverah - que na minha opinião foi mais assustadora de que qualquer outro personagem - fomos conduzidos à construção dos inimigos e sua natureza abominÔvel. A explicação com relação a eles foi satisfatórias, embora no final eles tenham sido um pouco descaracterizados, deixando de ser tão temíveis assim.

Ao longo do livro, a história foi perdendo as suas caracterĆ­sticas mais especiais e marcantes, que tanto me fez apreciĆ”-la. Como por exemplo, como foi feito nos dois primeiros livros, a ideia de intercalar os capĆ­tulos do passado com o presente atravĆ©s do relado de Verniers. Isso fazia um certo suspende com como a história se desenrolou atĆ© chegar naquele ponto, e isto tambĆ©m nĆ£o estava presente aqui. 

Foi um livro com a qual me importei com pouquĆ­ssimas coisas. Na verdade eu queria que ele acabasse logo, talvez esperando por um final que elevasse a minha opiniĆ£o sobre o livro, ou talvez porque realmente foi chato na maioria dos capĆ­tulos. 

Em suma, faltou emoção, ritmo, clĆ­max e plot twists, caracterĆ­sticas presentes nos livros anteriores. E o principal, faltou muito Vaelin raĆ­z. 

Apesar de só ter reclamado, nĆ£o foi de todo decepcionante, porque nem isso o livro conseguiu despertar em mim. Foi ok. Mas que nĆ£o me convenceu. E por deixar algumas coisas em aberto e sentir tantas outras faltando, me faz pensar se a história de Vaelin realmente acabou. 

O autor expandiu demais o seu mundo e se perdeu ao ter que concluir toda a história em um único volume, deixando de dar o devido destaque aos seus personagens, que eram o melhor de sua criação.

No mais, A Canção do Sangue é um dos melhores livros de fantasia que jÔ li em toda minha vida. O Senhor da Torre não fica muito atrÔs, é incrivelmente bom. Infelizmente o último livro não conseguiu manter o padrão e se saiu muito abaixo, porém, pela qualidade dos dois primeiros livros, digo que essa trilogia vale muito a pena e é altamente recomendada a todos os fãs de fantasia épica.


Como dito acima, o livro Ć© o mais inferior. O autor pegou a trilogia e fez uma escadinha decrescente em qualidade. Se os outros foram notas 9 e 8 esse termina com um 7.

O primeiro livro da série eu indico com toda a força, mas parem por aí. As sequencias não valem nem o tempo nem o dinheiro de vocês.

A Rainha do Fogo - Anthony Ryan
Nota: 7/10

quarta-feira, 21 de marƧo de 2018

Finalmente concluƭdo esse clƔssico.
Eu não sei muito bem o que falar, por isso serei breve, de verdade.

Ɖ uma obra incrĆ­vel. Isso Ć© fato. Ɖ tambĆ©m uma leitura difĆ­cil. O livro Ć© lento, longo e denso.

Talvez alguns tenham mais facilidade, mas não espere aquelas obras de suspense com cenas Ôgeis e de tirar o folego. O livro trata basicamente da experiência de viver na mente de um assassino.

O livro conta com estudos filosóficos incríveis. Disseca também de forma extremamente curiosa a mente de um criminoso.

Foi uma jornada longa ao lado de Raskolnikov, mas recompensadora. E sim, eu tambƩm achei que o epƭlogo parece ser outro livro rs.

Um ponto muito positivo também vai para a tradução de Oleg Almeida e de Paulo Bezerra (ambas direto do russo). Eu mesclei a leitura entre essas duas e posso dizer que estão excelentes e com um texto muito mais gostoso de consumir. Quando li a primeira vez li em inglês, um inglês mais arcaico e complexo o que me fez abandonar eventualmente. A tradução antiga (acho que da NatÔlia nunes) é de português de Portugal e numa linguagem bem mais rebuscada, isso também não me agradou.

Pequenos Spoilers:
  • LĆŗjin Ć© mesmo um pau no cu.
  • Porfiry Ć© foda nas suas psicologias forenses.
  • Katerina Ivanovna Ć© chata para um caralho.
  • DĆŗnia e Sófia sĆ£o boas de mais para ser verdade, por isso que elas sĆ£o de mentira.

Ɖ obvio que essas poucas palavras nĆ£o fazem jus a riqueza da obra. Me falta tempo e inspiração para tal, mas nĆ£o deixe minha falta de habilidade lhe distanciar. Leia se puder. Leia se tiver coragem. Leia só por ler, mas leia.
A mente não é mais a mesma depois de ler Dostoievski.

Leu? Bem vindo ao mundo novo!

Crime e Castigo - Fiódor Dostoiévski
Nota: 8/10