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Um pouco da minha maluquice, com um pouco disso aĆ­ mesmo.

sƔbado, 30 de junho de 2018


Stephen King é mestre no que faz, tanto por isso muitos se referem a ele como Mestre, mas se você nunca leu ou não é tão fã, provavelmente se pergunta o porque de tanto amor a escrita desse senhor.

SK tem a habilidade de criar personagens tĆ£o assustadoramente interessantes e bem desenvolvidos que o leitor se sente parte daquela história e daquela jornada. Logo um apego Ć© criado mesmo com os personagens mais triviais da história. Ɖ nesse ponto que o velho King te ganha. VocĆŖ se sente tĆ£o apegado que mesmo uma sombra atrĆ”s da cortina jĆ” te deixa apreensivo.

Sem contar também o fato dos personagens serem tão bem feitos que é normal um tempo depois de ler suas histórias, você não pense nelas como algo que alguém te contou. Os personagens facilmente se tornam velhos amigos nas suas lembranças e você acaba até contando para alguém que algo aconteceu com um amigo seu, sendo que esse amigo saiu da cabeça do velho King.

Ɖ fato tambĆ©m de que SK abandonou (ou diminuiu bem) em seus trabalhos mais recentes aquela mĆ£o forte que ele tinha para o horror, mas o terror que sentimos a cada ameaƧa a vida ou sanidade aos personagens que tanto aprendemos a amar ainda estĆ” lĆ”. MĆ©rito todo ao mestre, que ele merece como sempre.

Outsider parece estar revelando um novo King, com habilidade de contar histórias melhores com menos palavras.

O livro também consegue trazer algo inusitado, são vÔrios estilos em um mesmo romance. O começo é bem uma trama policial, mas jÔ te agarra pela curiosidade e pelas reviravoltas, o meio nos apresenta um sobrenatural que vai crescendo e engolindo os personagens (e o leitor) até que se encaminha pro fim com uma dose razoÔvel de ações e conflitos.

Com a dose certa e bizarrices e um sobrenatural que se mantém enigmÔtico e perigoso (pelo menos até o final), o velho senhor Estevão faz mais um belo trabalho.

King aproveitou também para homenagear alguns gênios da literatura como o Sr. Edgar Allan Poe e a Sra. Agatha Christie, entre outros. Sendo justo, referencias não faltam nesse livro.

Como pontos negativos eu deixo dois:
  • Achei o final sem emoção. SK tem sĆ©rios problemas com finais, o daqui nĆ£o Ć© ruim, só Ć© simples demais. Acho que faltou ousadia.
  • Achei Holly muito Deus Ex Machina tambĆ©m. Ela resolve tudo muito rĆ”pido, pensa sempre nas coisas certas. Como nĆ£o li a trilogia do Bill Hodges, pode ser que eu nĆ£o tenha desenvolvido todo o carinho, que todo mundo que leu, tem por ela.

Somando tudo eu acho que esse livro é uma boa mistura das antigas histórias do SK, misturando aquela agonia junto aos seus livros mais modernos e com uma pegada mais policial.

Que sou fĆ£ do cara acho que nĆ£o Ć© segredo, mas sendo fĆ£ ou nĆ£o sei que nem todo trabalho dele Ć© bom, mas esse Ć©. Gostei bastante mesmo, me peguei arrumando brechas durante o dia para ler algumas pĆ”ginas. Fazia tempo que nĆ£o tinha um ‘page-turner’ nas mĆ£os. Grata surpresa e principalmente:
Vida longa ao Mestre.

Outsider - Stephen King
Nota: 9,5/10

quarta-feira, 20 de junho de 2018


Mais um lanƧamento, mais uma expectativa...
Esse livro Ć© vendido como um terror. O autor Ć© chamado de o Stephen King Sueco. Ɖ...
Só que não.

A história é simples, gira em torno de uma viagem de 24h num cruzeiro. Uma bizarrice acontece e fica todo mundo preso.
Nada original, nada inovador.

O sentimento Ć© de ler/assistir um filme B de horror. Roteiro fraco, cheio de clichĆŖs e muito sangue e pornografia. Ɖ isso, esse livro Ć© justamente isso. Nem o Gore do livro Ć© grande, atĆ© nisso ele falhou.
Eu não entendo para que tanto esforço pra esconder que é um livro sobre vampiros, nem a história lida com isso como se fosse grande coisa. Enfim...

O livro tenta tratar da humanidade numa simulação de apocalipse. Mestre das Chamas de Joe Hill faz isso de forma excelente, Mats jÔ não.

Com um começo interessante, o livro me ganhou e eu entrei na onda, só que ele começa a se tornar lento demais. Até a pÔgina 200 nada aconteceu ainda. São 200 pÔginas apresentando os vÔrios personagens. Sim são muitos pontos de vista.

A escrita do autor é até leve e rÔpida. O livro conta com capítulos curtos, bem curtos até o que acaba gerando muitas quebras abruptas na narrativa e vÔrias vezes sem necessidade. Muda o ponto de vista e logo no próximo volta ao anterior, algo que podia ter sido evitado e dado mais fluidez.

Como eu disse, são vÔrios personagens, porém nenhum deles me cativou e eu não me importava com o que aconteceria com nenhum. O livro logo perde ritmo pois são muitas pessoas apresentadas, numa tentativa de gerar empatia no leitor, o que não aconteceu e no final eu achei o livro excessivamente longo justamente por isso.

Falando em livro longo, como esse livro Ʃ repetitivo. Olha, eu perdi a conta de quantas vezes li que estava tudo sujo de sangue, que dentes batiam como tesouras o que a fome era incontrolƔvel. SƩrio, chega a parecer amadorismo.

A escrita em si é até ok. As vezes interessante, mas a maior parte do tempo nem boa nem ruim. A constante repetição de sangue jorrando e dentes batendo me irritou mais do que devia.

Para mim, o suspense é o que faz um bom livro de terror. Esse livro não tinha nenhum o que no fim tornou a experiência um saco. As ultimas 100 pÔginas eu só queria que acabasse pois jÔ imaginava como seria o fim. Acertei. Impacto zero e sem nenhuma emoção.

A capa compara as obras do Stephen King. Ok, esse livro talvez chegue perto dos livros ruins do SK (e olha que sĆ£o vĆ”rios). VocĆŖ nĆ£o necessariamente odeia, mas Ć© meio que OK, nada espetacular. 


Resumindo.
Personagens mal trabalhados. Roteiro fraco. Repetitivo demais. Suspense zero, horror zero. Não combina com terror nem com Stephen King, mas sua escrita rÔpida e Ôcida pode divertir (ou passar o tempo) de leitores menos exigentes.

Se você quer ler algo claustrofóbico de verdade, experimente Jogo Perigoso do SK (jÔ que ele foi citado e comparado), ali sim você tem uma agonia de continuar lendo.

A Última Travessia - Mats Strandberg
Nota 6/10


quarta-feira, 13 de junho de 2018

Bem, vou fechando essa sequência intensa de sci fi com esse aqui. Ele me ensinou que preciso parar de confiar em lançamentos.
Vou entregar logo aqui, esse livro Ć©: MALUCO.

Sim, completamente insano, e no pior sentido possĆ­vel.

LoveStar é um livro que traz elementos muito interessante, alguns que te fazem pensar MESMO, e eles são espalhados por todo o livro, pena que numa narrativa tão sofrida, disforme e nada coesa.

A história trata de uma distopia onde o mundo todo funciona sem fio e toda a tecnologia estĆ” nas mĆ£os de uma megacorp. Acredite, TUDO MESMO. Pra galera que jĆ” estudou um pouco de Marketing (principalmente o digital) vai ver como um livro de 2002 tem conceitos MUITO curiosos se comparados a como funciona o mundo hoje. Existem todo um controle sobre o que vocĆŖ gosta, uma influencia forte mesmo e privacidade zero. A humanidade passou a aceitar sugestƵes calculadas por algoritmos e estĆ” feliz com essa ´'pseudo-liberdade'. Te lembra algo? anĆŗncios especĆ­ficos, playlists sugeridas e mais… pois Ć©.

O livro parece um apanhado de boas ideias misturadas e jogadas em vƔrias linhas do tempo bizarras espalhadas pelo livro.

A obra segue de forma principal dois plots separados que não se encontram e não conversam, mas são forçadamente misturados na última pÔgina. Passado e presente se misturam sem nenhuma indicação. Não se perder é um desafio.

O plot do Indrid e da Sigrid é até mais interessante, só que ínfimo perto do plot do LoveStar. (bola fora)

E a ultima pÔgina? PQP que final HORROROSO. Eu juro que tentei ver a poesia do final aberto, mas só restou na boca aquele gosto amargo de um final preguiçoso.

Outro problema Ć© que o livro Ć© repetitivo demais. Acho que Ć© tanta coisa repetida que se cortar acho que o livro reduz pela metade.

Sem contar da apresentação de conceitos, muito bons, mas nĆ£o utilizados. Um exemplo bem forte Ć© a questĆ£o do renascimento. Ela Ć© apresentada no inĆ­cio, tem um potencial tremendo e só e usada lĆ”. Ɖ uma baita reflexĆ£o filosófica que te causa, mas existe só em alguns parĆ”grafos, enquanto partes desnecessĆ”rias sĆ£o repetidas Ć  exaustĆ£o.

As vezes parece que o autor teve excelentes ideias, mas não sabia o que fazer com elas, daí ele misturou de qualquer jeito e sai um livro que parece feito no modo aleatório.

Eu falei que era maluco né? Saca só, tem cenas onde um personagem é engolido e dorme dentro de um lobo gigante, com um zíper na barriga onde ele pode entrar e sair. WTF? Sim eu tb pensei o mesmo.

Vale ressaltar que o projeto grÔfico é sensacional, primoroso, porém, apesar de bonito é desleal pois não tem nada a ver com a história. Não se deixe enganar como eu.

Resumindo. Ɖ um livro nada coeso, sem um fio lógico na narrativa. Personagens nada trabalhados. Conceitos distópicos muito bons que cumprem seu papel na parte filosófica. Um final bobo e horroroso.
Funcionaria melhor como uma coletânea de contos, PKD fez isso extremamente bem durante sua vida.

LoveStar - Andri SnƦr Magnason
Nota: 5/10



terƧa-feira, 12 de junho de 2018


Fahrenheit Ć© uma obra BEM diferente do que eu esperava. Ɖ claro que por ser um clĆ”ssico, eu jĆ” sabia do que se tratava, mas tinha apenas uma ideia geral.
Quando fui ler o romance tive uma baita surpresa, não foi positiva, infelizmente, jÔ que eu esperava algo bem diferente mesmo.

A importância histórica e o fator alarmante da distopia do livro, são coisas inquestionÔveis, mas como literatura ele me incomoda bastante, não é realmente meu tipo.

O livro conta com ideias geniais, alguns dos melhores diƔlogos que jƔ li e principalmente o que mais admiro numa distopia (e scifi em geral):
COISAS PARA TE FAZER PENSAR!

Sim, meus amigos. Fahrenheit é cheio delas e elas funcionam lindamente como um aviso, então abra o olho.

Eu confesso que esperava mais e que imaginava uma historia completamente diferente.

Um clƔssico Ʃ um clƔssico, Ʃ impossƭvel tirar os mƩritos do livro. Fico feliz por ter terminado e finalmente ter lido a obra, apesar dos pesares.

Melhor personagem Ć© o Beatty sem dĆŗvida, o livro devia ser sobre ele rs.

Concluindo, acho que o livro tem narrativas abruptas, ideias boas, porém mal desenvolvidas. A narrativa é bem arrastada e em vÔrios momentos eu achei meio confusa, em outros eu achei meio contraditória.
Entretanto, tudo faz sentido quando o autor revela que escreveu Ơs pressas em uma mƔquina de escrever alugada.


Fahrenheit 451 - Ray Bradbury
Nota: 7/10

domingo, 10 de junho de 2018


Uma leve decepção com esse livro. Leve pq eu jÔ sabia que quando a expectativa sobe demais normalmente você se arrepende (e até paga caro por isso), jÔ que o livro foi vencedor de todos os prêmios de FC que concorreu.

Pois é, eu não gostei. Não é um livro ruim, ele só é chato (pelo menos num geral, continua lendo que vc vai entender). E isso, pelo menos pra mim, tem uma baita diferença.

Não vou falar sobre o que é a história, confesso que em qualquer outra review por aí se tem acesso a isso, vou aproveitar para falar o que senti durante a leitura.

O livro pra mim conta com falhas graves. Ele é lento demais em grande parte. A primeira metade do livro não é só chata e arrastada, é ruim mesmo. Se trocasse por um resuminho eu ficava mais feliz (e pagando mais barato).
Os personagens não têm carisma nenhum, eu passei o livro quase todo cagando pra todo mundo ali (não tem ninguém marcante).
Falta motivação, o plot é simples demais: A protagonista segue num objetivo irrefreÔvel de vingança mesmo que nem ela lembre mais direito o pq precisa se vingar.

O livro usa tambĆ©m de capĆ­tulos alternando entre presente e passado, jĆ” falei antes e quem me conhece sabe que nĆ£o gosto disso. Ɖ como se fossem dois livros diferentes condensados em um. A escrita da autora nĆ£o Ć© nenhum ‘page turner’ ou seja, um capitulo acaba sem te causar nenhum interesse pra ir para o próximo. Na primeira metade do livro (onde rola essa troca de tempo) eu só queria que acabasse logo e ir pro próximo pq estava sim, bem chato.

Acho que o livro foi tão premiado pelas coisas diferentes que ele traz, não é nada pioneiro Ursula K leguin jÔ fez isso antes, mas a abordagem consegue ser original em sua forma.
Um mundo complexo, o fato de não existirem gêneros, IA com vontade própria e quase humanas, que tem corpos biológicos próprios. Tudo isso é bem interessante de certa forma e nada comum.
O que também me prova o seguinte: Assim como o Oscar, prêmio de literatura não quer dizer nada.

Devido a uma escrita sem muito empolgação e arrastada, eu nĆ£o consegui me apegar ao plot. Ɖ como se alguĆ©m me mostrasse aquela pintura de 3 bolinhas e tentasse me dizer como a arte Ć© maravilhosa e te faz viajar, coisa bem intelectual mesmo. Na minha mente eu agradeƧo a tentativa de me apresentar a filosofia por trĆ”s da coisa, mas na realidade pra mim ainda sĆ£o bolinhas no quadro. Acho que dĆ” pra ver que nĆ£o sou nenhum sueco apreciador de arte.
Como um amigo diz: ainda é só uma pintura que um macaco conseguiria fazer.


Outra coisa que senti falta, é sobre as reflexões que a FC geralmente te causa, eu particularmente não vi isso aqui. Vi conceitos novos, mas nada muito reflexivo. O livro até conta com um ou outro dialogo mais interessante, mas não são nada densos se comparados a grandes nomes da FC por aí. (Existe sim uma crítica a alguns pontos da sociedade, mas como disse, nada tão forte assim)

O universo é de fato rico, novo e muito bem construído, só que ele é bem construído demais. Por momentos lembra a escrita de Tolkien de tão bem detalhado que é. Eu não sou fã dessa perda de ritmo, se você gosta com certeza vai aproveitar mais que eu.

O incomodo Ć© grande. Vontade de largar o livro a todo momento e ir ler algo melhor... AtĆ© que chegam as ultimas 40 pĆ”ginas, Aƍ MERMƃO, a coisa realmente muda.
Toda a ação do livro estão nessas 40 pÔginas finais.

Ɖ obvio que nĆ£o salva o livro todo, mas faz o que precisa para uma trilogia, que Ć©: te deixa querendo mais.
NĆ£o sei se tenho coragem de encarar os outros 2 livros, mas a curiosidade fica e Ć© justamente no final que tu compra a briga da galera ali.

Pessoalmente falando eu acho bem complicado um livro de 400pg só te ganhar nos instantes finais. Eu paguei para ver uma história boa completa, certo?

Eu até acho que entendo os prêmios e a galera que elogia demais esse livro (mentira entendo não), mas pra mim a soma de plot + personagens num todo não encaixa tão bem.
Acho que a autora tem um mundo excelente e único, cheio de tramas políticas, mas ainda tem muito a melhorar. Talvez os próximos romances (é uma trilogia), sejam melhores jÔ que não foram premiados.
Resumindo, achei um livro ok, comeƧa mal, continua mal, vai terminando mal e melhora bastante.

JustiƧa Ancilar - Ann Leckie
Nota: 6/10