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Um pouco da minha maluquice, com um pouco disso aĆ­ mesmo.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018


Vi em algum lugar dizer que o livro Ć© um YA, talvez por isso ele seja assim.

Ele Ć© Ć”gil, o protagonista Ć© um ‘herói’ e a história nĆ£o perde tempo. AtĆ© que faz sentido se pensar na juventude de hoje.
Ressalto que até acho ela bem madura em relação a seus temas para os que normalmente são tratados em obras YA.

Acho também que o fato de ser declaradamente uma YA justifica o fato das personalidades dos personagens se alterarem com tanta frequência e de todo mundo ser impulsivo demais. Isso cria identificação com o adolescente. O mundo dele é basicamente isso. JÔ foi o meu e jÔ foi o seu também.

A história gira em torno de um jovem príncipe que iria se tornar tipo um padre, faltava pouco para ser aceito na seita e da noite para o dia descobre que é o novo rei. Ele que jamais esperou por isso jÔ que não estava na linha de sucessão, é pego de surpresa e rapidamente é levado a assumir seu trono.
Uma traição ocorre e ele quase é morto. Agora, querendo se vingar, vai fazer de tudo para que paguem.

O plot parte daƭ e vai girar em torno dessa vinganƧa. AtƩ aƭ nada muito novo, certo?

Mais ou menos. Apesar da premissa jÔ conhecida, o autor consegue inserir diversos plot twists sem perder a mão. Mesmo não sendo nada derretedor de mentes ainda é uma alternada inesperada no caminho o que dÔ bastante agilidade a narrativa.

Alias, esse livro nĆ£o conhece freio. Ɖ quase que um livro-filme de ação.

O autor não perde tempo desenvolvendo seus personagens, talvez o que disse mais acima justifique isso, talvez não. Nem o protagonista achei bem trabalhado, muitas vezes ele é só chato, como um bom adolescente que se preze.

Algumas coisas achei Deus Ex Machina demais também, tudo bem que é fantasia e tudo mais, mas ainda assim algumas vezes parecia um conto de fadas mais que uma fantasia. (tem diferença? Fica aí a reflexão pra vc pq pra mim não interessa)

Resumindo: Ć© um livro interessante, principalmente se vc ler sem se preocupar muito, algo leve e rĆ”pido só pra distrair. Ɖ importante tambĆ©m saber que vocĆŖ talvez nĆ£o seja o publico alvo. No mais, se vocĆŖ gostar de historias rĆ”pidas e frenĆ©ticas, quase um roteiro de Transformers, acho que vocĆŖ tem tudo pra apreciar. O livro Ć© bom e divertido. Tem diversas frases de efeito e um mundo com uma guerra prestes a acontecer.

Divirta-se.

Meio Rei - Joe Abercrombie
Nota: 8/10

terƧa-feira, 4 de setembro de 2018



Bem, vou escrever minhas impressƵes da trilogia toda por motivos de preguiƧa mesmo.

A trilogia de Cornwell sobre Artur é talvez a mais próxima do que teria sido a vida naquele período histórico. Esqueça magias, espadas na pedra, tÔvola redonda e todo o resto. Aqui é um romance histórico, com muita intriga, jogo político, sangue, crueldade, paganismo e o Ôcido humor britânico.

De forma bem direta, os 3 livros mostram muito bem a curva de ascensão e decadência de Artur, no que seria um belo semiciclo de uma senoide.

O Rei do Inverno – Sua ascensĆ£o tanto em importĆ¢ncia quanto em presenƧa na história.
O Inimigo de Deus – Onde ele finca o pĆ© e vemos mais dele, tanto seu lado chato quanto bom e tambĆ©m as armadilhas que o destino, que Ć© sempre inexorĆ”vel, pƵe em seu caminho.
Excalibur – A decadĆŖncia tanto da pessoa quanto da história, que ruma para seu fim.

Preciso admitir que Cornwell Ć© o tipo de leitura em que vocĆŖ precisa estar na ‘vibe’ dela, pois ela nĆ£o se preocupa em fazer o contrĆ”rio. HĆ” um tempo atrĆ”s, eu abandonei a leitura por esse motivo.

O inicio de O rei do inverno é bem lento e pouco coisa acontece. As pessoas que você quer ver não aparecem e ainda é muito cedo para a intriga funcionar. Esse fato me fez largar. Tempos depois, peguei para reler e rapidamente entrei na mesma frequência, de lÔ pra cÔ eu não consegui largar a história até o seu fim.


No livro 1, começamos a conhecer personagens sensacionais e vemos como nas escolhas podem desgraçar todo um reino. A principio é bem estranho ver personagens jÔ tão clÔssicos na nossa cultura fantÔstica serem retratados de forma tão diferente, mas Cornwell sabe o que faz e todos eles seguem reais e próprios. O que gosto nas histórias dele é de que os personagens são fieis as suas personalidades, eles não mudam pela vontade do roteiro, mas seguem aquela linha definida e são todos muito bem descritos.

No livro 2, vemos esses personagens jÔ mais maduros e endurecidos (mas não velhos) e é onde a história ganha seu Ôpice. O ritmo que vinha crescendo da metade do primeiro livro pega ainda mais embalo e temos o melhor e mais frenético livro da saga. As batalhas que jÔ eram sensacionais ficam melhores, as intrigas mais perigosas, os romances mais arrebatadores e as merdas... ah... essas ficam ainda mais fedidas. Sangue e desgraça parece que espreita cada capítulo.

No livro 3, a história ruma para o fim mas infelizmente pega uma ladeira e vai meio que sem freio. O livro não é ruim, longe disso, mas o ritmo se perde completamente. Temos montes de pÔginas de história que não avançam em nada, temos batalhas demais o que deixa até cansativo de certa forma, tendo em vista os últimos 2 livros e até as intrigas se perdem.
No ultimo terço, o livro até se embala com a revelação de um mistério e um leve plottwist, mas nas pÔginas finais ele decepciona.


O final não é ruim, mas as pÔginas finais sim. Entendem? Uma pena, pois depois de um livro tão bom quanto o 2, o encerramento deixa a desejar.

Recomendo demais a leitura, foi uma das melhores coisas que li nos últimos tempos, não Ô toa é tão recomendado por tantas pessoas.
Prepare o estomago para as batalhas, prepare a mente para entender melhor como era uma vida medieval e prepare sua fé para ter as bases do cristianismo balançadas. Não conheço ninguém que se arrependeu de ler essa série, tenho certeza que não conhecerei também.

Notas:
O Rei do Inverno – 9/10
O Inimigo de Deus – 10/10
Excalibur – 8/10

quinta-feira, 16 de agosto de 2018


Terminei de ler esse livro jÔ tem quase um mês e tinha esquecido de escrever minhas impressões sobre ele. Porém, como dizem os antigos, antes tarde de que mais tarde.

Essa coletânea de contos, até onde sei exclusiva do povo brasileiro, é uma genial sacada da editora que reúne os contos mais famosos que inspiraram filmes.

A qualidade da escrita de PKD Ʃ algo a parte. Ɓcido, direto e certeiro nos pontos que deseja abordar, o velho Phillip raramente decepciona.

De todos os contos só 1 que nĆ£o me agradou muito, falarei um pouco de cada mais abaixo. 

Recomendo assistirem aos filmes antes dos contos, pois terão a mesma sensação que eu tive, que é a de ver como 20 ou 30 pÔginas conseguem entreter melhor que 2 horas de Ôudio visual rs.

Lembramos para você a preço de atacado
Conta a história de uma empresa que consegue inserir memórias 'falsas' nas pessoas mediante pagamento. A reflexĆ£o maior Ć© tambĆ©m o slogan da empresa, que diz implantar a memória tĆ£o profunda que nenhum detalhe passa despercebido. Combinemos que dificilmente uma memória 'natural' se mantĆ©m intacta por muito tempo rs. 
Esse aqui foi meu conto preferido.

Impostor
Ɖ basicamente a história de um infiltrado que se torna uma cópia exata de outra pessoa. Minha reação inicial foi: “Esse conto Ć© maravilhosamente derretedor de mentes. Estou tendo orgasmos mentais." 
Passou um tempo e a sensação continuou rs.

Segunda variedade 
Ɖ um conto irritantemente incrĆ­vel. Conta uma história meio pós guerra onde a humanidade desenvolveu mĆ”quinas para caƧar seus inimigos. Ɖ a clĆ”ssica história onde as maquinas tomam contam e assumem o controle.
Ele te leva numa jornada clichĆŖ e nada surpreendente. Ɖ basicamente mais do mesmo atĆ© a Ćŗltima pĆ”gina, mas Ć© na Ćŗltima frase que o desgraƧado do PKD mostra o quĆ£o genial ele Ć©. O conto nunca foi sobre o que vocĆŖ acha que Ć©, e só terminando Ć© que vocĆŖ percebe. Malditos autores sensacionais kkkkk

O Pagamento 
Ɖ um conto interessante, Ć© um suspense melhor que muito thriller completo por aĆ­. Um homem que perde a memória descobre que seu ela do futuro lhe deixou vĆ”rias dicas para ele recobrar a memória.
O final é meio bleh mas é legal num geral. Gosto da escrita do PKD pq ela é direta e sem muita enrolação, principalmente nos contos.

Minority Report
Rapaz, Minority Report é um conto sensacional. De cair o cu da bunda, como dizem por aqui. Adaptado pro cinema pelo Spielberg, jÔ dÔ pra saber que ele não iria colocar a mão em coisa ruim.
A história gira em torno de uma tecnologia criada para prever crimes. Com isso em mãos, a segurança consegue agir antes que o mesmo aconteça, o que traz a reflexão: Um crime que ainda não foi cometido, pode ser considerado crime? Pensar em fazer algo, é o mesmo que fazer?
Maldito nƩ? kkkkkk

Equipe de ajuste e O Homem Dourado
SĆ£o os Ćŗnicos contos que nĆ£o gostei. Eles nĆ£o sĆ£o ruins, só achei meio raso demais. Comparado aos outros Ć© bem fraco. 
A primeira Ć© a história Ć© sobre um homem que percebe a ‘matrix’ e tenta fugir de ser derrubado pelo sistema. Quem desperta merece ser aliado ou eliminado?
O segundo é sobre uma criatura que supostamente é a evolução do ser humano.

Realidades Adaptadas - Philip K. Dick
Nota: 9,5/10

quinta-feira, 2 de agosto de 2018


Eu sempre recebi olhares tortos quando dizia minha opinião sobre It. Costumo dizer que a melhor forma de ler SK é saber o que esperar das coisas que ele escreve, quem conhece, rapidamente sabe do que estou falando.

Li o livro a primeira vez a mais de 10 anos atrƔs e decidi visitar essa viagem maluca (e absurdamente longa) que era acompanhar a molecada.

It não é um dos melhores trabalhos do velho King, apesar de me odiarem por falar isso, eu hoje, mais velho e mais sem saco do que quando adolescente, tenho ainda mais certeza disso.

O livro é longo demais, não, não chega a ser impeditivo, mas cansa. BASTANTE. A prolixidade do SK aqui ganha proporções irritantes. Na contramão, esse mesmo estilo tem uma mÔgica que te prende a ele. King não é best-seller à toa, cansativo ou não a história te prende e todo aquele caldeirão de acontecimentos, personagens, bizarrices e todo o resto criam um redemoinho onde o centro é você.

King se perde muito na história. Tem umas viagens de Ć”cido muito loucas, tudo bem que ele jĆ” admitiu estar sobre fortes influencias de drogas, o que Ć© perceptĆ­vel na obra, mas a experiĆŖncia da leitura vai alĆ©m. Ɖ MUITO ƁCIDO NA MENTE.

Alienígenas, gangbang infantil, tartarugas e aranhas... é um prato cheio pra uma loucura sem fim. Controverso ou não, o mais polêmico é o que menos me incomoda, mas não deixa se ser loucura.

A obra trata basicamente sobre a infância e as dificuldades que grande parte passou. Todos são muito bem trabalhados, inclusive os personagens que não precisam, mas tudo ali tem um motivo, todo mundo tem um background que justifica, de certa forma, seu comportamento.

A história não é assustadora se você olhar de fora. King te ganha é justamente desenvolvendo seus personagens tão bem que você se sente um deles, ou se sente eles, e nesse aspecto o medo agora te cerca também, pois você deixa de ser o leitor e passa a ser um dos Losers.

Se sangue e crueldade é algo incomodo, fique longe de It. Pennywise é deliciosamente cruel, mas a maldade maior do livro permeia as entrelinhas. Desespere-se com o dito e ainda mais com o não dito.

O final é estilo padrão do velho King. Não entenda nada ou Odeie. Eu fico com o ódio, sempre. O ódio é sincero.

It é uma obra grande demais e cansativa, mas muito boa tirando as maluquices. Os personagens poderiam ter sido qualquer um de nós. O velho SK sabe criar personagens como ninguém. Cortando-se 1/3 do livro teríamos uma obra beirando o espetacular.
Cuidado ao criticar It por aí, ele é muito amado e talvez uma das obras mais famosas, mas aqui, cÔ entre nós, o velho King tem coisa MUITO melhor pra te oferecer.

It - Stephen King
Nota 7/10

segunda-feira, 16 de julho de 2018


Vi muitas pessoas comentando que este era um livro de horror, que o protagonista era m anti-heróis e etc.
Bem, eu não acho que seja horror da mesma forma que não acho que Cipriano seja um anti-herói. Se trata de uma fantasia urbana e um suspense, com um toque excessivo de gore (que é lindo) e Cipriano é um herói, boca suja e de preferencias fora do convencional.

Cipriano Ʃ um Padre (sqn) que trabalha para uma ordem secreta do vaticano, onde Ʃ responsƔvel por lidar com o sobrenatural. Quando uma criatura comeƧa a torturar e matar pessoas corruptas famosas, em lives no Youtube, se auto intitulando o novo Messias, Ʃ hora de entrar em cena.

Sinto que mais uma vez minha expectativa me traiu. Eu esperava algo bem diferente. A quantidade de elogios a obra é enorme. Não achei ela ruim, o livro conta com algumas cenas sensacionais e é preciso pontuar que hoje em dia, encontrar alguém com coragem e culhão para descrever tal cena e mexer com tais arquétipos de nossa sociedade, é algo bem raro.

Porém, nem tudo são flores, algumas coisas realmente me incomodaram.

Cipriano é uma mistura de Constantine + CSI + Seu Boneco. Ele é OverPower DEMAIS e acho que o livro sofre um pouco com o que chamo de "efeito supersayajin". Quando seu protagonista é poderoso e fodão demais, você precisa enfraquecer todos os inimigos, isso fica um pouco chato e forçado. Cipriano é interessante, mas forçado demais. Ao invés de empatia eu acabava ficando meio de saco cheio dele e pegando ranço.

O nível de poder, por exemplo, é outra que me incomoda bastante... O que para muitos o fato dessa salada de criaturas sobrenaturais existirem seja uma coisa boa, para mim fica bobo, jÔ que não consigo encaixar no meu conhecimento prévio (jÔ que não hÔ uma explicação aqui) que elas coexistam.

Julia é uma personagem chata, sem motivação, forçada e totalmente Deus Ex Machina. Sem carisma algum mesmo. O que é uma pena porque no início eu realmente achei que ia odiar o padre e me apaixonar por ela.

Faltou coragem de matar alguns personagens. Apesar da última morte eu ter tirado o chapéu (ele acertou muito nela), achei que foi pouco.

O vilĆ£o Ć© fraco e bobo. Cara que frustração do caralho. Triste, bem triste. O combate final me fez ficar balbuciando: “ahhh nĆ£o... termina assim nĆ£o... ah nĆ£o....”

A resolução do mistério também achei que foi um pouco fÔcil demais. Não é ruim, eu só esperava mais. Fica aquele gostinho de que tu sabia que podia ser melhor.

O Epílogo não acrescenta nada na história, é simplesmente uma insinuação de se criar uma brecha para um próximo livro.

Tem personagens demais. Referencias a cultura pop demais. Infelizmente desenvolvimento de menos. Esse Ć© um daqueles casos onde eu queria que o livro fosse maior, justamente para ver toda essa gama de mundo + personagens mais trabalhados e melhor explorados.


Confesso que gostei bastante de todas as alfinetadas a igreja e principalmente as cenas mais bizarras. O autor não economizou na bizarrice e isso além de corajoso é louvÔvel.

A obra se passa no Rio de Janeiro e Ć© gostoso ver tantas referencias a lugares que eu jĆ” estive ou jĆ” passei. Ɖ uma viagem divertida que vai do subĆŗrbio a zona sul.

A dentista Fernanda(FĆŖ) Ɖrica tem um nome incrivelmente sensacional hahahah.


No geral é uma obra boa e divertida, tem um certo humor mórbido sensacional e excelentes cenas de gore explicito para usar nas minhas mesas de Kult. O horror e o suspense deixam a desejar, mas para quem gosta de protagonistas fodões e badass vão ter em Cipriano um prato cheio. JÔ aqueles apaixonados por uma salada sobrenatural vão se divertir vendo de vampiros a fadas do dente e até a dragões chineses.

Ɖ um livro que vale a pena experimentar e ver essa nova roupagem gostei mais da primeira parte que da segunda, mas isso nĆ£o tira seus mĆ©ritos nem seus demĆ©ritos. O livro passa na mĆ©dia com uma certa folga rs.

Deuses CaĆ­dos - Gabriel Tennyson
Nota: 8/10

quarta-feira, 11 de julho de 2018


Eu acho que a melhor descrição pra todo o marketing envolvendo esse livro é: Desleal.
Ele é vendido como um livro de terror, mas não é.
Andrew Pyper faz mega elogios, como se isso fosse algo bom ou ele bom autor, mas não é.
Diz que explora a mitologia russa, mas não faz.

O livro é sim uma fantasia urbana, que utiliza a mitologia russa como Russalka e Baba Yaga, mas de forma genérica. Troque por qualquer outra criatura sobrenatural e você terÔ o mesmo efeito.

A história gira em torno de um mago moderno, que tem alguns problemas como ser alcoólatra por exemplo e uma criatura no passado sequestrou ele, agora ela quer vingança.

O primeiro terƧo do livro Ć© uma loucura só. Nada faz sentido. A escrita do autor Ć© bem pobre, falta história, falta um fio condutor. Realmente parece que sĆ£o vĆ”rios capĆ­tulos espalhados de forma aleatória. 

Depois da metade o livro engrena e a história começa a se desenhar, as coisas começam a fazer sentido. Apesar de alguns capítulos ainda serem meio loucos (eles dariam EXCELENTES contos), a história se mantém fiel em seu propósito aqui.

Ɖ uma pena que os personagens sejam tĆ£o mal desenvolvidos. A história atĆ© que fica boa, mas Ć© muito mais por um esforƧo de jĆ” ter passado da metade do que por realmente ter algum apego aos personagens.

Outra coisa que pode nĆ£o agradar muito Ć© o estilo da escrita. A escrita em si Ć© atĆ© ok, mas o estilo Ć© estranho. Isso se explica pq o autor Ć© roteirista, entĆ£o se sinta como “lendo um filme”.

Explico, em algumas cenas temos a ação acontecendo, daí começa outro capítulo do nada falando sobre um casal de senhoras conversando numa lanchonete e de repente um carro entra pela parede atropelando todo mundo. Bem coisa de filme, onde o ponto de vista muda, né?

Deixo claro que esse livro nĆ£o se preocupa em te localizar. Algumas frases sĆ£o soltas ao longo dele e isso Ć© o mĆ”ximo que vocĆŖ vai ter como explicação pra que algo no passado foi assim ou assado. Ele nĆ£o te “norteia”, nĆ£o te “centraliza”. NĆ£o hĆ” background aqui. AlguĆ©m diz que foi preso em uma pĆ”gina e capĆ­tulos depois alguĆ©m Ć© destruĆ­do psicologicamente por tal coisa.

O livro melhora e mantém a qualidade até o fim. O final é algo complicado pra mim. Eu gostei e não gostei ao mesmo tempo. Gostei do que acontece com o protagonista, mas acho que faltou coragem pra ir mais além. O livro termina muito morno. O epílogo podia ser melhor construído.

Eu fico na mƩdia do OK com esse livro. Queria ter gostado mais mas tambƩm queria que ele fosse melhor.

Bem-vindo Ć  Casa dos EspĆ­ritos - Christopher Buehlman
Nota:  6,5 / 10

quinta-feira, 5 de julho de 2018


Esse livro Ć© o primeiro thriller de um autor italiano e segundo a editora jĆ” foi publicado em mais de 30 paĆ­ses.

A história gira em torno de um documentarista que ao fazer muito sucesso vai viver na cidadezinha no interior da ItÔlia com sua esposa, para dar uma descansada e sair da correria de hollywood.
Chegando lĆ” ele sofre um acidente nas montanhas (tipo aquela coisa de ficar preso por dias numa mina) e isso afeta ele mais que o normal.
Acontece também que tentando superar esse trauma, ele descobre um assassinato que ocorreu a muitos anos atrÔs e isso chama muito a atenção dele. Logo uma vontade de ir atrÔs da verdade para manter sua sanidade se desenvolve.

Bem, é um thriller, acho que não preciso dizer muito mais do que isso. Irei então, tecer minhas críticas de como foi a experiencia de leitura.

O primeiro terƧo eu acho bem desnecessƔrio, isso estraga a primeira metade, que acho que podia ser cortada ou reduzida ao todo a umas 20 pƔginas.

A segunda metade ganha ritmo e a história engrena. O livro melhora MUITO, não salva tudo mas é notória a mudança, porém, no geral conta com dois (mas não únicos) defeitos principais:

  • A criação da expectativa. Acho muito importante em qualquer Thriller vocĆŖ conseguir gerar essa ansiedade, mas o livro nĆ£o consegue. Ele entrega algumas informaƧƵes de forma muito direta e sem emoção. Imagine cortes sĆŗbitos de cĆ¢mera num filme, soa bem amador mesmo. Sem contar que o Sobrenatural Ć© PƉSSIMAMENTE utilizado.
  • Falta motivação. Sim, Ć© meio empurrada goela abaixo essa vontade do protagonista (que Ć© mal desenvolvido) ir atrĆ”s desse mistĆ©rio. Isso Ć© PƉSSIMO numa história de investigação.

Você deve estar perguntando: Nossa Pedro, foi tão ruim assim?
NĆ£o, atĆ© que nĆ£o. Ɖ que o livro promete demais sabe, ele promete e nĆ£o entrega. Tudo nele Ć© um convite a uma obra excelente. A parte grĆ”fica, o acabamento em capa dura, a capa, a comparação com Stephen King (que jĆ” Ć© algo cansativo de se ver) e atĆ© as primeiras pĆ”ginas.

Promissor, não?

O livro gera uma expectativa desnecessĆ”ria e nĆ£o a alcanƧa. NĆ£o Ć© ruim, longe disso, mas nĆ£o Ć© tĆ£o bom quanto tenta ser. Ɖ aĆ­ que ele perde. Num geral ele se torna apenas OK ou aquele “ah Ć© legal”, mas sem muita empolgação.
A grande parte dos erros aqui acho que se justificam com a informação de que é o primeiro thriller do autor. Vejo potencial, talvez em futuras obras o cara arrebente.

Para mim o personagem principal deveria de certa forma ser a tal Besta, mas não é. O próprio acidente inicial que é algo importante pro plot é mal utilizado e fica aquele gosto amargo de estar sendo empurrado a força goela abaixo.
Os melhores pra mim são o Werner e a Clara, a menina é incrível, difícil não se apaixonar por ela.

Acredito que o autor se perdeu no final também, se tivesse terminado um pouco antes o livro seria bem melhor, mas o autor decidiu jogar mais uma cartada e com isso terminou corrido e sem a emoção que a cena anterior tinha, se você leu, você vai entender.

Uma primeira metade longa e de certa forma desnecessÔria, a história ganha outra pegada na segunda parte. O livro tem defeitos, mas o charme da pequena Clara vai ganhar o coração de todo leitor.
NĆ£o espere encontrar horror, o livro pincela o tema de leve e se prende a seu objetivo inicial, que Ć© ser um suspense.
Experimente, não é uma leitura demorada e vai divertir um pouco. E pelo menos, o livro é bem bonito e vai dar um grau na estante rs.

A essĆŖncia do mal - Luca D’Andrea
Nota: 7/10


sƔbado, 30 de junho de 2018


Stephen King é mestre no que faz, tanto por isso muitos se referem a ele como Mestre, mas se você nunca leu ou não é tão fã, provavelmente se pergunta o porque de tanto amor a escrita desse senhor.

SK tem a habilidade de criar personagens tĆ£o assustadoramente interessantes e bem desenvolvidos que o leitor se sente parte daquela história e daquela jornada. Logo um apego Ć© criado mesmo com os personagens mais triviais da história. Ɖ nesse ponto que o velho King te ganha. VocĆŖ se sente tĆ£o apegado que mesmo uma sombra atrĆ”s da cortina jĆ” te deixa apreensivo.

Sem contar também o fato dos personagens serem tão bem feitos que é normal um tempo depois de ler suas histórias, você não pense nelas como algo que alguém te contou. Os personagens facilmente se tornam velhos amigos nas suas lembranças e você acaba até contando para alguém que algo aconteceu com um amigo seu, sendo que esse amigo saiu da cabeça do velho King.

Ɖ fato tambĆ©m de que SK abandonou (ou diminuiu bem) em seus trabalhos mais recentes aquela mĆ£o forte que ele tinha para o horror, mas o terror que sentimos a cada ameaƧa a vida ou sanidade aos personagens que tanto aprendemos a amar ainda estĆ” lĆ”. MĆ©rito todo ao mestre, que ele merece como sempre.

Outsider parece estar revelando um novo King, com habilidade de contar histórias melhores com menos palavras.

O livro também consegue trazer algo inusitado, são vÔrios estilos em um mesmo romance. O começo é bem uma trama policial, mas jÔ te agarra pela curiosidade e pelas reviravoltas, o meio nos apresenta um sobrenatural que vai crescendo e engolindo os personagens (e o leitor) até que se encaminha pro fim com uma dose razoÔvel de ações e conflitos.

Com a dose certa e bizarrices e um sobrenatural que se mantém enigmÔtico e perigoso (pelo menos até o final), o velho senhor Estevão faz mais um belo trabalho.

King aproveitou também para homenagear alguns gênios da literatura como o Sr. Edgar Allan Poe e a Sra. Agatha Christie, entre outros. Sendo justo, referencias não faltam nesse livro.

Como pontos negativos eu deixo dois:
  • Achei o final sem emoção. SK tem sĆ©rios problemas com finais, o daqui nĆ£o Ć© ruim, só Ć© simples demais. Acho que faltou ousadia.
  • Achei Holly muito Deus Ex Machina tambĆ©m. Ela resolve tudo muito rĆ”pido, pensa sempre nas coisas certas. Como nĆ£o li a trilogia do Bill Hodges, pode ser que eu nĆ£o tenha desenvolvido todo o carinho, que todo mundo que leu, tem por ela.

Somando tudo eu acho que esse livro é uma boa mistura das antigas histórias do SK, misturando aquela agonia junto aos seus livros mais modernos e com uma pegada mais policial.

Que sou fĆ£ do cara acho que nĆ£o Ć© segredo, mas sendo fĆ£ ou nĆ£o sei que nem todo trabalho dele Ć© bom, mas esse Ć©. Gostei bastante mesmo, me peguei arrumando brechas durante o dia para ler algumas pĆ”ginas. Fazia tempo que nĆ£o tinha um ‘page-turner’ nas mĆ£os. Grata surpresa e principalmente:
Vida longa ao Mestre.

Outsider - Stephen King
Nota: 9,5/10

quarta-feira, 20 de junho de 2018


Mais um lanƧamento, mais uma expectativa...
Esse livro Ć© vendido como um terror. O autor Ć© chamado de o Stephen King Sueco. Ɖ...
Só que não.

A história é simples, gira em torno de uma viagem de 24h num cruzeiro. Uma bizarrice acontece e fica todo mundo preso.
Nada original, nada inovador.

O sentimento Ć© de ler/assistir um filme B de horror. Roteiro fraco, cheio de clichĆŖs e muito sangue e pornografia. Ɖ isso, esse livro Ć© justamente isso. Nem o Gore do livro Ć© grande, atĆ© nisso ele falhou.
Eu não entendo para que tanto esforço pra esconder que é um livro sobre vampiros, nem a história lida com isso como se fosse grande coisa. Enfim...

O livro tenta tratar da humanidade numa simulação de apocalipse. Mestre das Chamas de Joe Hill faz isso de forma excelente, Mats jÔ não.

Com um começo interessante, o livro me ganhou e eu entrei na onda, só que ele começa a se tornar lento demais. Até a pÔgina 200 nada aconteceu ainda. São 200 pÔginas apresentando os vÔrios personagens. Sim são muitos pontos de vista.

A escrita do autor é até leve e rÔpida. O livro conta com capítulos curtos, bem curtos até o que acaba gerando muitas quebras abruptas na narrativa e vÔrias vezes sem necessidade. Muda o ponto de vista e logo no próximo volta ao anterior, algo que podia ter sido evitado e dado mais fluidez.

Como eu disse, são vÔrios personagens, porém nenhum deles me cativou e eu não me importava com o que aconteceria com nenhum. O livro logo perde ritmo pois são muitas pessoas apresentadas, numa tentativa de gerar empatia no leitor, o que não aconteceu e no final eu achei o livro excessivamente longo justamente por isso.

Falando em livro longo, como esse livro Ʃ repetitivo. Olha, eu perdi a conta de quantas vezes li que estava tudo sujo de sangue, que dentes batiam como tesouras o que a fome era incontrolƔvel. SƩrio, chega a parecer amadorismo.

A escrita em si é até ok. As vezes interessante, mas a maior parte do tempo nem boa nem ruim. A constante repetição de sangue jorrando e dentes batendo me irritou mais do que devia.

Para mim, o suspense é o que faz um bom livro de terror. Esse livro não tinha nenhum o que no fim tornou a experiência um saco. As ultimas 100 pÔginas eu só queria que acabasse pois jÔ imaginava como seria o fim. Acertei. Impacto zero e sem nenhuma emoção.

A capa compara as obras do Stephen King. Ok, esse livro talvez chegue perto dos livros ruins do SK (e olha que sĆ£o vĆ”rios). VocĆŖ nĆ£o necessariamente odeia, mas Ć© meio que OK, nada espetacular. 


Resumindo.
Personagens mal trabalhados. Roteiro fraco. Repetitivo demais. Suspense zero, horror zero. Não combina com terror nem com Stephen King, mas sua escrita rÔpida e Ôcida pode divertir (ou passar o tempo) de leitores menos exigentes.

Se você quer ler algo claustrofóbico de verdade, experimente Jogo Perigoso do SK (jÔ que ele foi citado e comparado), ali sim você tem uma agonia de continuar lendo.

A Última Travessia - Mats Strandberg
Nota 6/10


quarta-feira, 13 de junho de 2018

Bem, vou fechando essa sequência intensa de sci fi com esse aqui. Ele me ensinou que preciso parar de confiar em lançamentos.
Vou entregar logo aqui, esse livro Ć©: MALUCO.

Sim, completamente insano, e no pior sentido possĆ­vel.

LoveStar é um livro que traz elementos muito interessante, alguns que te fazem pensar MESMO, e eles são espalhados por todo o livro, pena que numa narrativa tão sofrida, disforme e nada coesa.

A história trata de uma distopia onde o mundo todo funciona sem fio e toda a tecnologia estĆ” nas mĆ£os de uma megacorp. Acredite, TUDO MESMO. Pra galera que jĆ” estudou um pouco de Marketing (principalmente o digital) vai ver como um livro de 2002 tem conceitos MUITO curiosos se comparados a como funciona o mundo hoje. Existem todo um controle sobre o que vocĆŖ gosta, uma influencia forte mesmo e privacidade zero. A humanidade passou a aceitar sugestƵes calculadas por algoritmos e estĆ” feliz com essa ´'pseudo-liberdade'. Te lembra algo? anĆŗncios especĆ­ficos, playlists sugeridas e mais… pois Ć©.

O livro parece um apanhado de boas ideias misturadas e jogadas em vƔrias linhas do tempo bizarras espalhadas pelo livro.

A obra segue de forma principal dois plots separados que não se encontram e não conversam, mas são forçadamente misturados na última pÔgina. Passado e presente se misturam sem nenhuma indicação. Não se perder é um desafio.

O plot do Indrid e da Sigrid é até mais interessante, só que ínfimo perto do plot do LoveStar. (bola fora)

E a ultima pÔgina? PQP que final HORROROSO. Eu juro que tentei ver a poesia do final aberto, mas só restou na boca aquele gosto amargo de um final preguiçoso.

Outro problema Ć© que o livro Ć© repetitivo demais. Acho que Ć© tanta coisa repetida que se cortar acho que o livro reduz pela metade.

Sem contar da apresentação de conceitos, muito bons, mas nĆ£o utilizados. Um exemplo bem forte Ć© a questĆ£o do renascimento. Ela Ć© apresentada no inĆ­cio, tem um potencial tremendo e só e usada lĆ”. Ɖ uma baita reflexĆ£o filosófica que te causa, mas existe só em alguns parĆ”grafos, enquanto partes desnecessĆ”rias sĆ£o repetidas Ć  exaustĆ£o.

As vezes parece que o autor teve excelentes ideias, mas não sabia o que fazer com elas, daí ele misturou de qualquer jeito e sai um livro que parece feito no modo aleatório.

Eu falei que era maluco né? Saca só, tem cenas onde um personagem é engolido e dorme dentro de um lobo gigante, com um zíper na barriga onde ele pode entrar e sair. WTF? Sim eu tb pensei o mesmo.

Vale ressaltar que o projeto grÔfico é sensacional, primoroso, porém, apesar de bonito é desleal pois não tem nada a ver com a história. Não se deixe enganar como eu.

Resumindo. Ɖ um livro nada coeso, sem um fio lógico na narrativa. Personagens nada trabalhados. Conceitos distópicos muito bons que cumprem seu papel na parte filosófica. Um final bobo e horroroso.
Funcionaria melhor como uma coletânea de contos, PKD fez isso extremamente bem durante sua vida.

LoveStar - Andri SnƦr Magnason
Nota: 5/10



terƧa-feira, 12 de junho de 2018


Fahrenheit Ć© uma obra BEM diferente do que eu esperava. Ɖ claro que por ser um clĆ”ssico, eu jĆ” sabia do que se tratava, mas tinha apenas uma ideia geral.
Quando fui ler o romance tive uma baita surpresa, não foi positiva, infelizmente, jÔ que eu esperava algo bem diferente mesmo.

A importância histórica e o fator alarmante da distopia do livro, são coisas inquestionÔveis, mas como literatura ele me incomoda bastante, não é realmente meu tipo.

O livro conta com ideias geniais, alguns dos melhores diƔlogos que jƔ li e principalmente o que mais admiro numa distopia (e scifi em geral):
COISAS PARA TE FAZER PENSAR!

Sim, meus amigos. Fahrenheit é cheio delas e elas funcionam lindamente como um aviso, então abra o olho.

Eu confesso que esperava mais e que imaginava uma historia completamente diferente.

Um clƔssico Ʃ um clƔssico, Ʃ impossƭvel tirar os mƩritos do livro. Fico feliz por ter terminado e finalmente ter lido a obra, apesar dos pesares.

Melhor personagem Ć© o Beatty sem dĆŗvida, o livro devia ser sobre ele rs.

Concluindo, acho que o livro tem narrativas abruptas, ideias boas, porém mal desenvolvidas. A narrativa é bem arrastada e em vÔrios momentos eu achei meio confusa, em outros eu achei meio contraditória.
Entretanto, tudo faz sentido quando o autor revela que escreveu Ơs pressas em uma mƔquina de escrever alugada.


Fahrenheit 451 - Ray Bradbury
Nota: 7/10