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Um pouco da minha maluquice, com um pouco disso aĆ­ mesmo.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018



Mais um livro retratando contos de fadas em suas versões originais. Esse volume dÔ sequencia a contos de fadas Celtas e diz focar mais nos heróis masculinos.

Mantendo a qualidade do volume anterior, temos alguns contos melhores que outros, sem dĆŗvidas.

Meus preferidos foram:
Uma lenda de Knockmany
O pretendente de Olwen
Jack e seus camaradas
O cavaleiro dos Enigmas.


Ɖ interessante ver quĆ£o diferente Ć© a história original para a que se difundiu entre o pĆŗblico infantil. Mesmo nĆ£o conhecendo nenhum desses aqui, Ć© possĆ­vel notar alguma semelhanƧa com as histórias contadas pelos mais velhos em nossa infĆ¢ncia.
Algumas tem valores, outras apenas diversão, mas num geral, clÔssico é clÔssico e vale ser conhecido.

Heróis muito espertos - Joseph Jacobs
Nota: 8/10
Sem paciĆŖncia e muito saco para escrever algo mais elaborado tentarei ser bem sucinto.


Conan é um personagem marcante na história mundial. Negar sua fama se torna cada vez mais impossível, assim como negar a qualidade de seu gênero.
Um apaixonado por RPG feito eu, jÔ esbarrou com diversos tipos de histórias da Espada & Feitiçaria, e Conan sem dúvidas influenciou muito isso.

Como disse, eu jĆ” sabia o que esperar. Robert Howard Ć© um gĆŖnio, mas sua curva narrativa Ć© algo que sempre me incomodou.
As histórias de Conan sempre seguem uma curva muito lenta no início, demoram para alavancar, tem um Ôpice muito corrido e um final sempre muito abrupto.
Um detalhe me incomodou bastante na tradução. Apesar de excelente em questão de texto, não converter unidades de medidas americanas para o sistema internacional me soa um pouco preguiçoso.


Meus contos preferidos foram A Torre do Elefante e Deus na Urna, esse Ćŗltimo rejeitado pelos editores. Vai ver o estranho sou eu mesmo.

Graficamente falando o livro Ʃ impecƔvel.

Acho que vale a pena demais dar uma chance ao BÔrbaro da Ciméria. HÔ uma grande chance de você perceber que ele é de longe muito mais que apenas um bombado de tanga.

Conan: O BƔrbaro, Vol. 1 - Robert E.Howard
Nota: 7/10


Sem paciĆŖncia e muito saco para escrever algo mais elaborado tentarei ser bem sucinto.

Achei um livro incrível. Um Terror (TERROR mesmo, não horror) psicológico de altíssima qualidade.

Ɖ um livro com uma linguagem meio estranha, bem diferente do usual. Por jĆ” ter lido outro livro da autora eu sabia que seria algo meio incomum mesmo, mas quem nĆ£o conhece Ć© bom saber.

A premissa Ʃ bem comum, seja pq o livro inspirou outras obras ou outras obras inspiraram o livro, mas Ʃ a clƔssica: Um grupo vai em uma casa assombrada investigar fenƓmenos paranormais.
O problema comeƧa quando um dos personagens comeƧa a se envolver demais, daƭ a loucura comeƧa.

A autora deixa TUDO subentendido. Nada Ć© explĆ­cito. Ɖ difĆ­cil saber se a porta bateu por causa de um fantasma ou se foi o vento. Algumas cenas nĆ£o se sabe se Ć© imaginação ou lembranƧa.

Toda essa mistura cria uma ansiedade constante, o que leva o leitor a buscar respostas.
Nem todas virão, outras ficarão a cargo do leitor concluir.

O livro nĆ£o foca em sustos ou coisas grotescas, o foco Ć© a ansiedade, Ć© a pulga atrĆ”s da orelha, Ć© aquele “SerĆ”...?” que perdura na mente no final do parĆ”grafo.

Como pontos negativos eu cito a linguagem um pouco confusa. A tradução é excelente, a autora que tem uma escrita um pouco confusa as vezes mesmo.

Outra coisa que particularmente odeio, é o estilo americana que utiliza aspas no diÔlogo, muitas vezes no mesmo parÔgrafo. Gosto da forma que fazemos, parÔgrafos separados e com o uso do travessão, uma pena a editora optar por isso.

Resumindo: IncrĆ­vel... Assustadoramente IncrĆ­vel!

A Assombração da Casa da Colina - Shirley Jackson
Nota: 9/10



segunda-feira, 17 de setembro de 2018


Livro bonito, bem feito, ilustrado, colorido e ainda baratinho. Nem parece coisa da Martin Claret.

O livro traz uma seleção de 8 contos de fadas Celtas.

Leitura rÔpida e agradÔvel com lindas artes internas. Fiquei realmente surpreso com essa edição, tudo muito caprichado.

Apesar de o título e a sinopse dizerem que são histórias de princesas, nem todos os contos giram em torno delas, alguns elas mal aparecem.

Meus contos preferidos foram os abaixo, mas não achei nenhum ruim:
CabeƧa-Pequena e os filhos do rei,
Guleesh,
O pastor de Myddvai,
Connla e a donzela encantada,

Como um bom conto de fadas, temos de tudo aqui. Não são versões infantilizadas da Disney, mas são bem fantasiosas. Temos bigamia, assassinatos, mortes, invejas e tudo mais.

Gostei mais do que imaginei que iria. Os contos originais passam aquela sensação de infĆ¢ncia ao mesmo tempo em que vocĆŖ estĆ” lendo sobre algo bem adulto (e errado, nos dias de hoje). Ɖ uma sensação bem interessante, recomendo que todos experimentem.

Princesas e Damas Encantadas: Contos de Fadas Celtas - Joseph Jacobs
Nota: 9/10

sexta-feira, 14 de setembro de 2018


Vi em algum lugar dizer que o livro Ć© um YA, talvez por isso ele seja assim.

Ele Ć© Ć”gil, o protagonista Ć© um ‘herói’ e a história nĆ£o perde tempo. AtĆ© que faz sentido se pensar na juventude de hoje.
Ressalto que até acho ela bem madura em relação a seus temas para os que normalmente são tratados em obras YA.

Acho também que o fato de ser declaradamente uma YA justifica o fato das personalidades dos personagens se alterarem com tanta frequência e de todo mundo ser impulsivo demais. Isso cria identificação com o adolescente. O mundo dele é basicamente isso. JÔ foi o meu e jÔ foi o seu também.

A história gira em torno de um jovem príncipe que iria se tornar tipo um padre, faltava pouco para ser aceito na seita e da noite para o dia descobre que é o novo rei. Ele que jamais esperou por isso jÔ que não estava na linha de sucessão, é pego de surpresa e rapidamente é levado a assumir seu trono.
Uma traição ocorre e ele quase é morto. Agora, querendo se vingar, vai fazer de tudo para que paguem.

O plot parte daƭ e vai girar em torno dessa vinganƧa. AtƩ aƭ nada muito novo, certo?

Mais ou menos. Apesar da premissa jÔ conhecida, o autor consegue inserir diversos plot twists sem perder a mão. Mesmo não sendo nada derretedor de mentes ainda é uma alternada inesperada no caminho o que dÔ bastante agilidade a narrativa.

Alias, esse livro nĆ£o conhece freio. Ɖ quase que um livro-filme de ação.

O autor não perde tempo desenvolvendo seus personagens, talvez o que disse mais acima justifique isso, talvez não. Nem o protagonista achei bem trabalhado, muitas vezes ele é só chato, como um bom adolescente que se preze.

Algumas coisas achei Deus Ex Machina demais também, tudo bem que é fantasia e tudo mais, mas ainda assim algumas vezes parecia um conto de fadas mais que uma fantasia. (tem diferença? Fica aí a reflexão pra vc pq pra mim não interessa)

Resumindo: Ć© um livro interessante, principalmente se vc ler sem se preocupar muito, algo leve e rĆ”pido só pra distrair. Ɖ importante tambĆ©m saber que vocĆŖ talvez nĆ£o seja o publico alvo. No mais, se vocĆŖ gostar de historias rĆ”pidas e frenĆ©ticas, quase um roteiro de Transformers, acho que vocĆŖ tem tudo pra apreciar. O livro Ć© bom e divertido. Tem diversas frases de efeito e um mundo com uma guerra prestes a acontecer.

Divirta-se.

Meio Rei - Joe Abercrombie
Nota: 8/10

terƧa-feira, 4 de setembro de 2018



Bem, vou escrever minhas impressƵes da trilogia toda por motivos de preguiƧa mesmo.

A trilogia de Cornwell sobre Artur é talvez a mais próxima do que teria sido a vida naquele período histórico. Esqueça magias, espadas na pedra, tÔvola redonda e todo o resto. Aqui é um romance histórico, com muita intriga, jogo político, sangue, crueldade, paganismo e o Ôcido humor britânico.

De forma bem direta, os 3 livros mostram muito bem a curva de ascensão e decadência de Artur, no que seria um belo semiciclo de uma senoide.

O Rei do Inverno – Sua ascensĆ£o tanto em importĆ¢ncia quanto em presenƧa na história.
O Inimigo de Deus – Onde ele finca o pĆ© e vemos mais dele, tanto seu lado chato quanto bom e tambĆ©m as armadilhas que o destino, que Ć© sempre inexorĆ”vel, pƵe em seu caminho.
Excalibur – A decadĆŖncia tanto da pessoa quanto da história, que ruma para seu fim.

Preciso admitir que Cornwell Ć© o tipo de leitura em que vocĆŖ precisa estar na ‘vibe’ dela, pois ela nĆ£o se preocupa em fazer o contrĆ”rio. HĆ” um tempo atrĆ”s, eu abandonei a leitura por esse motivo.

O inicio de O rei do inverno é bem lento e pouco coisa acontece. As pessoas que você quer ver não aparecem e ainda é muito cedo para a intriga funcionar. Esse fato me fez largar. Tempos depois, peguei para reler e rapidamente entrei na mesma frequência, de lÔ pra cÔ eu não consegui largar a história até o seu fim.


No livro 1, começamos a conhecer personagens sensacionais e vemos como nas escolhas podem desgraçar todo um reino. A principio é bem estranho ver personagens jÔ tão clÔssicos na nossa cultura fantÔstica serem retratados de forma tão diferente, mas Cornwell sabe o que faz e todos eles seguem reais e próprios. O que gosto nas histórias dele é de que os personagens são fieis as suas personalidades, eles não mudam pela vontade do roteiro, mas seguem aquela linha definida e são todos muito bem descritos.

No livro 2, vemos esses personagens jÔ mais maduros e endurecidos (mas não velhos) e é onde a história ganha seu Ôpice. O ritmo que vinha crescendo da metade do primeiro livro pega ainda mais embalo e temos o melhor e mais frenético livro da saga. As batalhas que jÔ eram sensacionais ficam melhores, as intrigas mais perigosas, os romances mais arrebatadores e as merdas... ah... essas ficam ainda mais fedidas. Sangue e desgraça parece que espreita cada capítulo.

No livro 3, a história ruma para o fim mas infelizmente pega uma ladeira e vai meio que sem freio. O livro não é ruim, longe disso, mas o ritmo se perde completamente. Temos montes de pÔginas de história que não avançam em nada, temos batalhas demais o que deixa até cansativo de certa forma, tendo em vista os últimos 2 livros e até as intrigas se perdem.
No ultimo terço, o livro até se embala com a revelação de um mistério e um leve plottwist, mas nas pÔginas finais ele decepciona.


O final não é ruim, mas as pÔginas finais sim. Entendem? Uma pena, pois depois de um livro tão bom quanto o 2, o encerramento deixa a desejar.

Recomendo demais a leitura, foi uma das melhores coisas que li nos últimos tempos, não Ô toa é tão recomendado por tantas pessoas.
Prepare o estomago para as batalhas, prepare a mente para entender melhor como era uma vida medieval e prepare sua fé para ter as bases do cristianismo balançadas. Não conheço ninguém que se arrependeu de ler essa série, tenho certeza que não conhecerei também.

Notas:
O Rei do Inverno – 9/10
O Inimigo de Deus – 10/10
Excalibur – 8/10

quinta-feira, 16 de agosto de 2018


Terminei de ler esse livro jÔ tem quase um mês e tinha esquecido de escrever minhas impressões sobre ele. Porém, como dizem os antigos, antes tarde de que mais tarde.

Essa coletânea de contos, até onde sei exclusiva do povo brasileiro, é uma genial sacada da editora que reúne os contos mais famosos que inspiraram filmes.

A qualidade da escrita de PKD Ʃ algo a parte. Ɓcido, direto e certeiro nos pontos que deseja abordar, o velho Phillip raramente decepciona.

De todos os contos só 1 que nĆ£o me agradou muito, falarei um pouco de cada mais abaixo. 

Recomendo assistirem aos filmes antes dos contos, pois terão a mesma sensação que eu tive, que é a de ver como 20 ou 30 pÔginas conseguem entreter melhor que 2 horas de Ôudio visual rs.

Lembramos para você a preço de atacado
Conta a história de uma empresa que consegue inserir memórias 'falsas' nas pessoas mediante pagamento. A reflexĆ£o maior Ć© tambĆ©m o slogan da empresa, que diz implantar a memória tĆ£o profunda que nenhum detalhe passa despercebido. Combinemos que dificilmente uma memória 'natural' se mantĆ©m intacta por muito tempo rs. 
Esse aqui foi meu conto preferido.

Impostor
Ɖ basicamente a história de um infiltrado que se torna uma cópia exata de outra pessoa. Minha reação inicial foi: “Esse conto Ć© maravilhosamente derretedor de mentes. Estou tendo orgasmos mentais." 
Passou um tempo e a sensação continuou rs.

Segunda variedade 
Ɖ um conto irritantemente incrĆ­vel. Conta uma história meio pós guerra onde a humanidade desenvolveu mĆ”quinas para caƧar seus inimigos. Ɖ a clĆ”ssica história onde as maquinas tomam contam e assumem o controle.
Ele te leva numa jornada clichĆŖ e nada surpreendente. Ɖ basicamente mais do mesmo atĆ© a Ćŗltima pĆ”gina, mas Ć© na Ćŗltima frase que o desgraƧado do PKD mostra o quĆ£o genial ele Ć©. O conto nunca foi sobre o que vocĆŖ acha que Ć©, e só terminando Ć© que vocĆŖ percebe. Malditos autores sensacionais kkkkk

O Pagamento 
Ɖ um conto interessante, Ć© um suspense melhor que muito thriller completo por aĆ­. Um homem que perde a memória descobre que seu ela do futuro lhe deixou vĆ”rias dicas para ele recobrar a memória.
O final é meio bleh mas é legal num geral. Gosto da escrita do PKD pq ela é direta e sem muita enrolação, principalmente nos contos.

Minority Report
Rapaz, Minority Report é um conto sensacional. De cair o cu da bunda, como dizem por aqui. Adaptado pro cinema pelo Spielberg, jÔ dÔ pra saber que ele não iria colocar a mão em coisa ruim.
A história gira em torno de uma tecnologia criada para prever crimes. Com isso em mãos, a segurança consegue agir antes que o mesmo aconteça, o que traz a reflexão: Um crime que ainda não foi cometido, pode ser considerado crime? Pensar em fazer algo, é o mesmo que fazer?
Maldito nƩ? kkkkkk

Equipe de ajuste e O Homem Dourado
SĆ£o os Ćŗnicos contos que nĆ£o gostei. Eles nĆ£o sĆ£o ruins, só achei meio raso demais. Comparado aos outros Ć© bem fraco. 
A primeira Ć© a história Ć© sobre um homem que percebe a ‘matrix’ e tenta fugir de ser derrubado pelo sistema. Quem desperta merece ser aliado ou eliminado?
O segundo é sobre uma criatura que supostamente é a evolução do ser humano.

Realidades Adaptadas - Philip K. Dick
Nota: 9,5/10

quinta-feira, 2 de agosto de 2018


Eu sempre recebi olhares tortos quando dizia minha opinião sobre It. Costumo dizer que a melhor forma de ler SK é saber o que esperar das coisas que ele escreve, quem conhece, rapidamente sabe do que estou falando.

Li o livro a primeira vez a mais de 10 anos atrƔs e decidi visitar essa viagem maluca (e absurdamente longa) que era acompanhar a molecada.

It não é um dos melhores trabalhos do velho King, apesar de me odiarem por falar isso, eu hoje, mais velho e mais sem saco do que quando adolescente, tenho ainda mais certeza disso.

O livro é longo demais, não, não chega a ser impeditivo, mas cansa. BASTANTE. A prolixidade do SK aqui ganha proporções irritantes. Na contramão, esse mesmo estilo tem uma mÔgica que te prende a ele. King não é best-seller à toa, cansativo ou não a história te prende e todo aquele caldeirão de acontecimentos, personagens, bizarrices e todo o resto criam um redemoinho onde o centro é você.

King se perde muito na história. Tem umas viagens de Ć”cido muito loucas, tudo bem que ele jĆ” admitiu estar sobre fortes influencias de drogas, o que Ć© perceptĆ­vel na obra, mas a experiĆŖncia da leitura vai alĆ©m. Ɖ MUITO ƁCIDO NA MENTE.

Alienígenas, gangbang infantil, tartarugas e aranhas... é um prato cheio pra uma loucura sem fim. Controverso ou não, o mais polêmico é o que menos me incomoda, mas não deixa se ser loucura.

A obra trata basicamente sobre a infância e as dificuldades que grande parte passou. Todos são muito bem trabalhados, inclusive os personagens que não precisam, mas tudo ali tem um motivo, todo mundo tem um background que justifica, de certa forma, seu comportamento.

A história não é assustadora se você olhar de fora. King te ganha é justamente desenvolvendo seus personagens tão bem que você se sente um deles, ou se sente eles, e nesse aspecto o medo agora te cerca também, pois você deixa de ser o leitor e passa a ser um dos Losers.

Se sangue e crueldade é algo incomodo, fique longe de It. Pennywise é deliciosamente cruel, mas a maldade maior do livro permeia as entrelinhas. Desespere-se com o dito e ainda mais com o não dito.

O final é estilo padrão do velho King. Não entenda nada ou Odeie. Eu fico com o ódio, sempre. O ódio é sincero.

It é uma obra grande demais e cansativa, mas muito boa tirando as maluquices. Os personagens poderiam ter sido qualquer um de nós. O velho SK sabe criar personagens como ninguém. Cortando-se 1/3 do livro teríamos uma obra beirando o espetacular.
Cuidado ao criticar It por aí, ele é muito amado e talvez uma das obras mais famosas, mas aqui, cÔ entre nós, o velho King tem coisa MUITO melhor pra te oferecer.

It - Stephen King
Nota 7/10

segunda-feira, 16 de julho de 2018


Vi muitas pessoas comentando que este era um livro de horror, que o protagonista era m anti-heróis e etc.
Bem, eu não acho que seja horror da mesma forma que não acho que Cipriano seja um anti-herói. Se trata de uma fantasia urbana e um suspense, com um toque excessivo de gore (que é lindo) e Cipriano é um herói, boca suja e de preferencias fora do convencional.

Cipriano Ʃ um Padre (sqn) que trabalha para uma ordem secreta do vaticano, onde Ʃ responsƔvel por lidar com o sobrenatural. Quando uma criatura comeƧa a torturar e matar pessoas corruptas famosas, em lives no Youtube, se auto intitulando o novo Messias, Ʃ hora de entrar em cena.

Sinto que mais uma vez minha expectativa me traiu. Eu esperava algo bem diferente. A quantidade de elogios a obra é enorme. Não achei ela ruim, o livro conta com algumas cenas sensacionais e é preciso pontuar que hoje em dia, encontrar alguém com coragem e culhão para descrever tal cena e mexer com tais arquétipos de nossa sociedade, é algo bem raro.

Porém, nem tudo são flores, algumas coisas realmente me incomodaram.

Cipriano é uma mistura de Constantine + CSI + Seu Boneco. Ele é OverPower DEMAIS e acho que o livro sofre um pouco com o que chamo de "efeito supersayajin". Quando seu protagonista é poderoso e fodão demais, você precisa enfraquecer todos os inimigos, isso fica um pouco chato e forçado. Cipriano é interessante, mas forçado demais. Ao invés de empatia eu acabava ficando meio de saco cheio dele e pegando ranço.

O nível de poder, por exemplo, é outra que me incomoda bastante... O que para muitos o fato dessa salada de criaturas sobrenaturais existirem seja uma coisa boa, para mim fica bobo, jÔ que não consigo encaixar no meu conhecimento prévio (jÔ que não hÔ uma explicação aqui) que elas coexistam.

Julia é uma personagem chata, sem motivação, forçada e totalmente Deus Ex Machina. Sem carisma algum mesmo. O que é uma pena porque no início eu realmente achei que ia odiar o padre e me apaixonar por ela.

Faltou coragem de matar alguns personagens. Apesar da última morte eu ter tirado o chapéu (ele acertou muito nela), achei que foi pouco.

O vilĆ£o Ć© fraco e bobo. Cara que frustração do caralho. Triste, bem triste. O combate final me fez ficar balbuciando: “ahhh nĆ£o... termina assim nĆ£o... ah nĆ£o....”

A resolução do mistério também achei que foi um pouco fÔcil demais. Não é ruim, eu só esperava mais. Fica aquele gostinho de que tu sabia que podia ser melhor.

O Epílogo não acrescenta nada na história, é simplesmente uma insinuação de se criar uma brecha para um próximo livro.

Tem personagens demais. Referencias a cultura pop demais. Infelizmente desenvolvimento de menos. Esse Ć© um daqueles casos onde eu queria que o livro fosse maior, justamente para ver toda essa gama de mundo + personagens mais trabalhados e melhor explorados.


Confesso que gostei bastante de todas as alfinetadas a igreja e principalmente as cenas mais bizarras. O autor não economizou na bizarrice e isso além de corajoso é louvÔvel.

A obra se passa no Rio de Janeiro e Ć© gostoso ver tantas referencias a lugares que eu jĆ” estive ou jĆ” passei. Ɖ uma viagem divertida que vai do subĆŗrbio a zona sul.

A dentista Fernanda(FĆŖ) Ɖrica tem um nome incrivelmente sensacional hahahah.


No geral é uma obra boa e divertida, tem um certo humor mórbido sensacional e excelentes cenas de gore explicito para usar nas minhas mesas de Kult. O horror e o suspense deixam a desejar, mas para quem gosta de protagonistas fodões e badass vão ter em Cipriano um prato cheio. JÔ aqueles apaixonados por uma salada sobrenatural vão se divertir vendo de vampiros a fadas do dente e até a dragões chineses.

Ɖ um livro que vale a pena experimentar e ver essa nova roupagem gostei mais da primeira parte que da segunda, mas isso nĆ£o tira seus mĆ©ritos nem seus demĆ©ritos. O livro passa na mĆ©dia com uma certa folga rs.

Deuses CaĆ­dos - Gabriel Tennyson
Nota: 8/10

quarta-feira, 11 de julho de 2018


Eu acho que a melhor descrição pra todo o marketing envolvendo esse livro é: Desleal.
Ele é vendido como um livro de terror, mas não é.
Andrew Pyper faz mega elogios, como se isso fosse algo bom ou ele bom autor, mas não é.
Diz que explora a mitologia russa, mas não faz.

O livro é sim uma fantasia urbana, que utiliza a mitologia russa como Russalka e Baba Yaga, mas de forma genérica. Troque por qualquer outra criatura sobrenatural e você terÔ o mesmo efeito.

A história gira em torno de um mago moderno, que tem alguns problemas como ser alcoólatra por exemplo e uma criatura no passado sequestrou ele, agora ela quer vingança.

O primeiro terƧo do livro Ć© uma loucura só. Nada faz sentido. A escrita do autor Ć© bem pobre, falta história, falta um fio condutor. Realmente parece que sĆ£o vĆ”rios capĆ­tulos espalhados de forma aleatória. 

Depois da metade o livro engrena e a história começa a se desenhar, as coisas começam a fazer sentido. Apesar de alguns capítulos ainda serem meio loucos (eles dariam EXCELENTES contos), a história se mantém fiel em seu propósito aqui.

Ɖ uma pena que os personagens sejam tĆ£o mal desenvolvidos. A história atĆ© que fica boa, mas Ć© muito mais por um esforƧo de jĆ” ter passado da metade do que por realmente ter algum apego aos personagens.

Outra coisa que pode nĆ£o agradar muito Ć© o estilo da escrita. A escrita em si Ć© atĆ© ok, mas o estilo Ć© estranho. Isso se explica pq o autor Ć© roteirista, entĆ£o se sinta como “lendo um filme”.

Explico, em algumas cenas temos a ação acontecendo, daí começa outro capítulo do nada falando sobre um casal de senhoras conversando numa lanchonete e de repente um carro entra pela parede atropelando todo mundo. Bem coisa de filme, onde o ponto de vista muda, né?

Deixo claro que esse livro nĆ£o se preocupa em te localizar. Algumas frases sĆ£o soltas ao longo dele e isso Ć© o mĆ”ximo que vocĆŖ vai ter como explicação pra que algo no passado foi assim ou assado. Ele nĆ£o te “norteia”, nĆ£o te “centraliza”. NĆ£o hĆ” background aqui. AlguĆ©m diz que foi preso em uma pĆ”gina e capĆ­tulos depois alguĆ©m Ć© destruĆ­do psicologicamente por tal coisa.

O livro melhora e mantém a qualidade até o fim. O final é algo complicado pra mim. Eu gostei e não gostei ao mesmo tempo. Gostei do que acontece com o protagonista, mas acho que faltou coragem pra ir mais além. O livro termina muito morno. O epílogo podia ser melhor construído.

Eu fico na mƩdia do OK com esse livro. Queria ter gostado mais mas tambƩm queria que ele fosse melhor.

Bem-vindo Ć  Casa dos EspĆ­ritos - Christopher Buehlman
Nota:  6,5 / 10

quinta-feira, 5 de julho de 2018


Esse livro Ć© o primeiro thriller de um autor italiano e segundo a editora jĆ” foi publicado em mais de 30 paĆ­ses.

A história gira em torno de um documentarista que ao fazer muito sucesso vai viver na cidadezinha no interior da ItÔlia com sua esposa, para dar uma descansada e sair da correria de hollywood.
Chegando lĆ” ele sofre um acidente nas montanhas (tipo aquela coisa de ficar preso por dias numa mina) e isso afeta ele mais que o normal.
Acontece também que tentando superar esse trauma, ele descobre um assassinato que ocorreu a muitos anos atrÔs e isso chama muito a atenção dele. Logo uma vontade de ir atrÔs da verdade para manter sua sanidade se desenvolve.

Bem, é um thriller, acho que não preciso dizer muito mais do que isso. Irei então, tecer minhas críticas de como foi a experiencia de leitura.

O primeiro terƧo eu acho bem desnecessƔrio, isso estraga a primeira metade, que acho que podia ser cortada ou reduzida ao todo a umas 20 pƔginas.

A segunda metade ganha ritmo e a história engrena. O livro melhora MUITO, não salva tudo mas é notória a mudança, porém, no geral conta com dois (mas não únicos) defeitos principais:

  • A criação da expectativa. Acho muito importante em qualquer Thriller vocĆŖ conseguir gerar essa ansiedade, mas o livro nĆ£o consegue. Ele entrega algumas informaƧƵes de forma muito direta e sem emoção. Imagine cortes sĆŗbitos de cĆ¢mera num filme, soa bem amador mesmo. Sem contar que o Sobrenatural Ć© PƉSSIMAMENTE utilizado.
  • Falta motivação. Sim, Ć© meio empurrada goela abaixo essa vontade do protagonista (que Ć© mal desenvolvido) ir atrĆ”s desse mistĆ©rio. Isso Ć© PƉSSIMO numa história de investigação.

Você deve estar perguntando: Nossa Pedro, foi tão ruim assim?
NĆ£o, atĆ© que nĆ£o. Ɖ que o livro promete demais sabe, ele promete e nĆ£o entrega. Tudo nele Ć© um convite a uma obra excelente. A parte grĆ”fica, o acabamento em capa dura, a capa, a comparação com Stephen King (que jĆ” Ć© algo cansativo de se ver) e atĆ© as primeiras pĆ”ginas.

Promissor, não?

O livro gera uma expectativa desnecessĆ”ria e nĆ£o a alcanƧa. NĆ£o Ć© ruim, longe disso, mas nĆ£o Ć© tĆ£o bom quanto tenta ser. Ɖ aĆ­ que ele perde. Num geral ele se torna apenas OK ou aquele “ah Ć© legal”, mas sem muita empolgação.
A grande parte dos erros aqui acho que se justificam com a informação de que é o primeiro thriller do autor. Vejo potencial, talvez em futuras obras o cara arrebente.

Para mim o personagem principal deveria de certa forma ser a tal Besta, mas não é. O próprio acidente inicial que é algo importante pro plot é mal utilizado e fica aquele gosto amargo de estar sendo empurrado a força goela abaixo.
Os melhores pra mim são o Werner e a Clara, a menina é incrível, difícil não se apaixonar por ela.

Acredito que o autor se perdeu no final também, se tivesse terminado um pouco antes o livro seria bem melhor, mas o autor decidiu jogar mais uma cartada e com isso terminou corrido e sem a emoção que a cena anterior tinha, se você leu, você vai entender.

Uma primeira metade longa e de certa forma desnecessÔria, a história ganha outra pegada na segunda parte. O livro tem defeitos, mas o charme da pequena Clara vai ganhar o coração de todo leitor.
NĆ£o espere encontrar horror, o livro pincela o tema de leve e se prende a seu objetivo inicial, que Ć© ser um suspense.
Experimente, não é uma leitura demorada e vai divertir um pouco. E pelo menos, o livro é bem bonito e vai dar um grau na estante rs.

A essĆŖncia do mal - Luca D’Andrea
Nota: 7/10